Bolsonaro apresenta a sua arma de guerra
Ao dizer “quando acabar a saliva, tem que ter pólvora”, Bolsonaro teve a brilhante ideia de ameaçar os EUA. Só se ele pretende usar canhões para jogar no território americano o vírus da Covid-19, que – a exemplo da pólvora – também surgiu na China.

Brincadeiras a parte, a verdade é que o Bolsonaro precisa sofrer o impeachment antes que o Brasil se transforme realmente numa ameaça mundial. O grau de loucura do presidente nos permite imaginar ele incendiando a Amazônia só para se vingar do Joe Biden, o novo presidente dos EUA que acenou com leis ambientais.
Bolsonaro está doente. E sua doença piora à medida que o cerco aumenta em cima do filho Flávio, o mentor das “rachadinhas”. Esta semana, ele pirou de vez ao chamar os brasileiros de maricas e ao influenciar a Anvisa para que a agência proibisse os testes da vacina do desafeto Doria.
O tom arrogante de suas lives anda irritando até os militares. Eu nunca pensei que um dia iria torcer por uma intervenção militar. Liderado pelo vice Mourão, bem que o Exército poderia acabar com essa situação de queda do PIB, perigo de hiperinflação e muito mais mortos pela Covid-19 se o maluco não vacinar o povo brasileiro.
Eu brinquei no começo do texto, mas não se espantem se o Bolsonaro arrumar mesmo encrenca com os EUA, provocando sanções econômicas que levariam a nossa já combalida Economia ao fundo do poço.
A obsessão de se eternizar no poder
Em um almoço nos anos 80, na Cantina Roma, aqui em São Paulo, eu presenciei a pressão que o Ulysses Guimarães fez para o Lula apoiar o Colégio Eleitoral. O líder do PT disse não, para desespero dos que estavam na mesa, especialmente Osmar Santos, a Voz das Diretas.
Lula achava que os militares só queriam desgastar o movimento e ele estava certo. Para disputar a eleição indireta, o escolhido como vice foi o José Sarney, que acabou assumindo a presidência com a morte do Tancredo Neves. Deu no que deu.
Em 1989, ainda cheio de ideologias, Lula concorreu com o Collor e foi derrotado depois que a Globo, sempre a Globo, fez a edição tendenciosa no último debate. Nos anos seguintes perdeu duas eleições seguidas para o Fernando Henrique e, a partir daí, alianças e mais alianças, até ser eleito em 2002.
O Lula que eu conheci em 1984 já não existia mais. Amargurado depois de tantas derrotas, virou um bandido. Barganhou até com o Paulo Maluf.
Tudo pelo poder.
Pensando em 2022, Bolsonaro anda passando por cima de tudo e de todos, como se fosse um trator. Se ele perceber que não será reeleito, poderá até tentar um golpe militar, mas nunca conseguirá se eternizar no poder por um motivo bem simples: não tem inteligência para isso.

O dinheiro abunda em Roraima
A denúncia de corrupção que explodiu no governo Bolsonaro veio justamente no momento em que o nosso presidente disse ter acabado com a Lava Jato porque o PT parou de roubar. Agora, vem esse escândalo com o seu vice-lider no senado, surpreendido com dinheiro escondido na bunda.

O senador Chico Rodrigues (foto) foi alvo de uma operação da Polícia Federal que apura desvio de verbas públicas destinadas ao combate da Covid-19. O dinheiro apreendido em Boa Vista estava na cueca do parlamentar, sendo que uma parte dele foi achada no meio de suas nádegas.
A gente sabe que esse episódio não vai dar em nada, mas a imprensa deve se preparar para uma saraivada de chiliques do nosso presidente, que perderá a cabeça quando perceber que a corrupção que ele tanto atacou poderá prejudicar a sua campanha para 2022.
Nessa corrida pela reeleição, Bolsonaro já derrubou ministros, colocou paus mandados na PF, na PGR, sancionou leis absurdas e até indicou ao Supremo um juiz que é PT de carteirinha, tudo para proteger a sua candidatura e os filhos queridos.
Justiça seja feita: no assunto enriquecimento dos filhos, Lula disfarçava bem melhor do que o Bolsonaro.
O futebol não está mais aqui. E faz tempo.
Hoje vou deixar de lado as sandices do nosso presidente porque as críticas parecem alimentar as suas (tantas) besteiras. Vamos então discutir um pouco da seleção brasileira, que deixou de ser referência para o resto do mundo.

Claro que na estreia das Eliminatórias ganharemos da Bolívia, mas na partida seguinte vamos sofrer contra o Peru, mesmo sem o Guerrero.
Eu escalaria o meio de campo com Casemiro, Bruno Guimarães, Everton Ribeiro e Philippe Coutinho. O jogador do Flamengo merece a chance e pode jogar pela direita. Coutinho está bem desde a sua volta para o Barça.
Para o lugar do Gabriel Jesus, Tite chamou Matheus Cunha e eu não entendi a ausência do Vinicius Jr., que é destaque no Real Madrid e não no Hertha Berlim.
O treinador brasileiro deveria ter convocado Fagner e não o Gabriel Menino, que não é e nem será lateral-direito no Palmeiras. Tite esqueceu que na Rússia o corintiano anulou o belga Hazard, comprado pelo Real por 100 milhões de euros.
Para esses dois jogos eu escalaria a seleção com Ederson, Danilo, Thiago Silva, Marquinhos e Renan Lodi ou Alex Telles; Casemiro, Bruno Guimarães, Everton Ribeiro e Philippe Coutinho; Firmino e Neymar.
É o que temos.
Temos duas grandes líderanças: do corrupto e do maluco
Neste nosso país com tantas mortes pela pandemia, não é possível que as pessoas não entendam que a aglomeração é a maior aliada desse vírus que mata sem dó e sem piedade.
Eu sempre achei que a praia era um lugar seguro, principalmente quando as pessoas estão na água, mas vendo as fotos das multidões que se aglomeraram nas areias e mares de todo país eu entendi perfeitamente porque em todo o mundo os mortos chegam a um milhão e, só no Brasil, são quase 150 mil.
Tudo por aqui é superdimensionado, inclusive a ignorância do povo.
Pode ser que alguns países tenham escondido o número dos seus mortos, caso da China, Rússia e, quem sabe, da Índia, mas a gente sabe que os nossos 150 mil também são de mentirinha neste nosso país tão desorganizado e desgovernado.
Não me surpreendi com a notícia de que a Covid-19 cresceu no Rio de Janeiro. O carioca sempre caçoou da pandemia, basta ver como estão os barzinhos do Leblon. Com a agravante de que agora a cidade do Rio está à deriva, sem Governo e com os amiguinhos do Lula afastados.
Enquanto isso, o nosso Presidente Cloroquina continua zombando da pandemia e dando provas, todos os dias, de que estamos na mão de um maluco.

VAR deixa o futebol sonolento, mas é um mal necessário
Neste nosso país desonesto, em que a maioria das pessoas quer sempre levar vantagem em tudo, a Lava Jato agoniza e o VAR começa a ser duramente criticado por torcedores, técnicos, dirigentes e grande parte da imprensa esportiva.
Alguns cronistas dizem que os árbitros de vídeo querem ser protagonistas e isso eu concordo porque eles andam procurando pêlo em ovo em todos os lances de gol. A checagem também anda muito demorada e nisso – se a gente comparar com os europeus – é uma questão de falta de preparo dos que mexem com a tecnologia.

Lembrando que o VAR foi inventado para confirmar o certo, consertar o errado e – principalmente – fazer justiça, aqui vão alguns exemplos:
Há alguns dias, na arena do Grêmio, o lateral Patric marcou um gol antológico para o Sport e a bandeirinha deu impedimento. O árbitro anulou a obra de arte e depois recebeu o aviso do VAR de que o jogador não estava impedido. Fez-se justiça.
No meio da semana, na Série B, sem o VAR, fez-se injustiça ao Confiança em dois gols irregulares do Juventude e, em Cuiabá, o gol da vitória do Figueirense foi anulado nos acréscimos em um impedimento que nunca existiu.
Como bom palmeirense, o Maledetto não tem muito a reclamar, até porque o seu time ataca pouco, não chuta ao gol e nem trabalho dá para o VAR.
Há algo de podre no reino da Dinamarca
Tudo o que a gente não gostava no Lula o nosso presidente está fazendo igual. O Molusco armou o seu esquema na surdina, durante 16 anos, e o Mito, de um jeito bem descarado, já fez o bastante em apenas um ano e meio.

Bolsonaro alardeou na campanha para a presidência que combateria a corrupção com todas as suas forças. Convidou até o juiz que mais prendeu corruptos para sua pasta da Justiça. Mas quando as denúncias chegaram perto dos filhos, ele fez de tudo para que o ministro pedisse demissão.
Não bastassem as intromissões na Polícia Federal, a nomeação do Augusto Aras para procurador-geral da República é a prova de que o Bolsonaro nunca ia concordar com o Sérgio Moro, tanto que esta semana sete procuradores paulistas pediram demissão na força-tarefa da Lava Jato um dia depois de o Deltan Dallagnol ter deixado o seu cargo em Curitiba.
Enquanto isso, para que ninguém preste muita atenção no fim da Lava Jato, para disfarçar o Presidente Cloroquina continua dando de ombros para a pandemia, ameaça repórteres, assina decretos e depois volta atrás, gasta um dinheirão para produzir vacinas e depois diz que ninguém é obrigado a ser vacinado. É um hospício.
Em Hamlet, Shakespeare escreveu sobre a loucura fingida na corte da Dinamarca abordando temas como traição, vingança, corrupção e moralidade.
Alguma diferença?
Brasil, o país das perguntas e dos bundões
De quem é o dinheiro encontrado no apartamento do Gedell?
Quem mandou depositar R$ 89 mil na conta da primeira-dama?
Quem mandou matar a Marielle?
Quem mandou matar o prefeito Celso Daniel?

São perguntas e mais perguntas com respostas óbvias, mas que nunca serão respondidas porque tudo aqui é feito para que esses assuntos não sejam revelados. No Brasil, a verdade tem pouca importância e nós continuamos sem o jornalismo investigativo que existia nos anos 70 e 80.
Houve uma época em que os nossos repórteres eram combativos e a mentira tinha perna bem mais curta. Hoje, os políticos e juízes engavetam processos e mentem descaradamente sem que os jornalistas se exponham, como fez um dia o nosso saudoso Vladimir Herzog.
Eu trabalhei na Folha de S. Paulo e no Jornal Tarde ao lado de profissionais que nunca iriam aceitar as ameaças do presidente, que percebeu a fragilidade da imprensa atual. Vocês perceberam que nunca acontece um bate-boca entre o Bolsonaro e um repórter?
No meu tempo, os jornalistas não eram bundões.
Garrincha é cinema mudo, Neymar é tevê em alta definição
Essa frase é do premiado jornalista e poeta gaúcho Fabrício Carpinejar. Foi escrita e publicada logo após a vitória do PSG sobre o Atalanta, jogo em que o Neymar abusou do direito de ser craque.

Ele perdeu dois gols que não costuma perder, mas é bom lembrar que Pelé, Maradona, Garrincha e outros monstros do futebol mundial também desperdiçavam chances. O que importa é o conjunto da obra e, nisso, Neymar foi espetacular.
Em certos momentos, fiquei com a impressão de que os jogadores do Atalanta estavam anestesiados, tal a facilidade com que Neymar dava “canetas” e enfileirava adversários. Ou então os italianos ficaram inebriados se deliciando com repertório de dribles do brasileiro.
Foi uma atuação ao nível de Pelé, o Rei que em outubro de 1962, nesse mesmo Estádio da Luz, contra o Benfica, encantou o mundo ao marcar três dos cinco gols do Santos na conquista do tìtulo mundial.
No jogo com o Atalanta, só faltaram os gols do Neymar, o que talvez aconteça na terça-feira, quando o PSG jogará a semifinal da Champions League contra o RB Leipzig.
Para os mais jovens, deixo aqui o meu testemunho. Eu vi Pelé e Garrincha jogarem, eles eram do outro mundo, mas não pegavam tanto na bola quanto o Neymar.
Esqueceram de mim
Depois do título paulista conquistado pelo Palmeiras, o menino Patrick, o técnico Luxemburgo e o volante Felipe Melo foram eleitos os heróis palmeirenses. Pouca gente lembrou que o goleiro Weverton foi tão ou mais importante do que os três.
É evidente que o Patrick de Paula bateu o último pênalti com categoria e frieza, apesar dos seus 20 anos, mas ninguém deve esquecer que no primeiro jogo o goleiro do Palmeiras fez uma defesa espetacular e salvadora no único ataque perigoso do Corinthians e de toda a partida. A história poderia ter sido outra.
Vanderlei Luxemburgo foi importante sim na conquista e passou a ser o maior ganhador de títulos paulistas, mas se o Weverton não tivesse defendido dois pênaltis no final da decisão ele não estaria sendo tão elogiado.
Felipe Melo também merece elogios depois de passar três dias fazendo tratamento para curar a sua distensão, mas de nada teria adiantado o seu sacrifício se o goleiro palmeirense não repetisse as suas grandes atuações, uma delas, na Olimpiada do Rio.
Em 2016, contra a Alemanha, no Maracanã, Neymar se consagrou cobrando o último pênalti, mas ninguém pode garantir que a sonhada medalha de ouro viria se, um minuto antes, Weverton não tivesse defendido a cobrança do alemão Petersen (foto).
Ele sempre cai no lado certo.
