Sem categoria
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Com o Supremo desmoralizado e o Congresso prestes a desmoronar com tantas denúncias, a nossa única saída seria ter um comandante firme e que não aparecesse nas delações. Mas isso não acontece. No momento em que o presidente Temer pede calma aos seus assessores, “para que a poeira possa baixar”, só nos resta rezar.
Quando a gente projeta o futuro do Brasil nas mãos de presidenciáveis como Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra, Jair Bolsonaro (meu Deus!), o próprio Lula e a líder nas pesquisas, Marina Silva (meu Deus de novo!), eu sinto uma sensação de desespero.
A triste verdade é que até 2018 não existe tempo suficiente para que apareça um salvador, já que nesse mundo da política são necessários anos e mais anos para o aprendizado de um futuro líder. Posso estar enganado, mas – mesmo que eles não sejam uma Brastemp – restam poucas esperanças com Álvaro Dias e Ronaldo Caiado.
Eu sempre me pergunto se o horário político gratuito não seria um dos vilões de tanta corrupção. Fui pesquisar e vi que a propaganda na tevê e no rádio também existe na Grã-Bretanha, Canadá, Dinamarca, França, Espanha e outros países mais adiantados.
Como no Brasil tudo é desvirtuado, os políticos começaram a pedir doações para as campanhas dos seus partidos e, quando perceberam que isso era fácil, passaram a barganhar um dinheirão a mais.
Não fosse a Lava Jato e hoje nós estaríamos num precipício bem maior com um número incrível de futuros candidatos vendendo seus peixes e suas honestidades. Ainda bem que mais de uma centena de Zé Dirceus estão presos e distantes do processo eleitoral.

Arnaldo, a regra é clara.
Arnaldo César Coelho criticou bastante o sistema de vídeo implantado pela FIFA no Mundial de Clubes do Japão. Disse que o juiz húngaro errou ao marcar o pênalti para o Kashima contra o Atlético Nacional e que o juiz paraguaio foi mal ao anular e depois validar o gol do Cristiano Ronaldo na vitória do Real sobre o América do México.

O badalado Arnaldo não podia ter chamado de lambança o pênalti marcado em Osaka. Existiam sim dois atacantes em posição de impedimento passivo e, a três metros deles, é difícil dizer se o japonês Daigo também estava impedido. O pênalti foi escandaloso.
No jogo do Real, o juiz marcou impedimento no gol do Cristiano Ronaldo e ficou indeciso ao ser avisado que os assistentes estavam revisando a jogada. Quinze segundos depois, o gol foi confirmado e eu fiquei com a sensação de que não acontecerão mais lances ridículos como aquele do Maradona com a mão na Copa de 86.
Ainda inseguro com o novo esquema, o juiz errou ao deixar seguir o jogo de Yokohama, o que precisa ser corrigido nas próximas arbitragens quando o vídeo estiver sendo visto. Ao contrário do Arnaldo, o CR7 pegou mais leve ao dizer para o quarto árbitro que o recurso tecnológico ainda não está funcionando bem.
A imprensa também não tem paciência. Nós lutamos tanto para que esse esquema fosse usado e, de repente, depois de duas tentativas, alguns jornalistas estão fazendo chacota, como se não fosse possível fazer acertos. Por exemplo: quando o juiz estiver indeciso poderá parar o jogo, pedir a conferência e esperar de 10 a 15 segundos.
Comentaristas e árbitros criticaram a demora até o juiz marcar o pênalti para o Kashima. Eu pergunto: foi melhor esperar 12 minutos naquele polêmico e desastroso Fla-Flu?
As cartinhas dos cartolas para o Bom Velhinho.
Na sua cartinha para o Papai Noel, Roberto de Andrade pediu um técnico que faça milagres à frente do fraco elenco do Corinthians. Se o pedido for atendido, o presidente corintiano poderá demitir o oportunista Oswaldo de Oliveira que abandonou o Sport quase rebaixado e foi incompetente para conseguir a vaga na Libertadores.
Já o presidente do Santos, o Modesto Roma Filho que tem a cara e o peso do pai, pediu para o Papai Noel ajuda financeira para trazer de volta o Robinho. Como se sabe, a fornecedora de material esportivo do Atlético Mineiro parou de repassar a sua parte e o Galo está todo atrapalhado bancando sozinho o alto salário do atacante.
O presidente Leco, do São Paulo, também pediu dinheiro. Carlos Augusto de Barros e Silva precisa pagar uma das parcelas da contratação do Maicon e ainda quer contratar reforços para o time do técnico Rogério Ceni. Ele não pediu na cartinha ajuda para a reeleição, em abril, mas precisa do dinheiro para começar a sua campanha.
Como o Palmeiras acaba de assinar um contrato milionário com o canal Esporte Interativo para as transmissões dos seus jogos pela tevê fechada a partir de 2019, o novo presidente Maurício Gagliotti receberá um bom adiantamento, dinheiro suficiente para tentar tirar o argentino Pratto do Atlético Mineiro.
Resumindo, os presidentes do Corinthians, Santos e São Paulo precisam se comportar e ficar bonzinhos para que o Bom Velhinho atenda aos seus pedidos. Afinal, só o campeão brasileiro é que tem o seu eterno Papai Noel Nobre.
Até a turma do amendoim gosta dele.
O título brasileiro coroou a administração do badalado Paulo Nobre, que deixa a presidência do Palmeiras no dia 31. O milionário palmeirense fez uma gestão tão boa que a oposição do clube nem lançou candidato. E olha que cartola palmeirense não é brincadeira.

Nobre sofreu no começo do seu mandato, na época em que o Palmeiras não conseguia pagar a conta de água. Por isso os seus 100 milhões emprestados foram fundamentais. Diz o Presidente da Paz que esse dinheirão não foi usado para contratar jogadores e sim para dar o suporte financeiro ao clube endividado. Tenho dúvida nisso.
Em 2011, Nobre começou a trabalhar com insegurança e levou alguns chapéus na hora das contratações. Com a chegada do gerente de futebol, Alexandre Mattos, ele cometeu erros menores. O elenco ficou enorme, mas o título brasileiro valorizou até os menos valorizados.
O relacionamento com a WTorre nunca foi dos melhores, mas a chegada da nova arena ajudou demais a administração palmeirense, que até começou a devolver dinheiro para o seu presidente.
Paulo Nobre detesta e nem quer ouvir falar do ex-presidente sãopaulino Carlos Miguel Aidar, a quem ele chama de coitado, mas tem um bom relacionamento com nomes esquisitos do nosso futebol, como Andrés Sanchez e Marco Polo Del Nero. Ninguém é perfeito.
O presidente acertou ao enfrentar as torcidas organizadas, as gangues que ele chama de facções. Esses imbecis arrogantes não têm o direito de reivindicar nada. O lugar deles é na cadeia, não nas imediações da arena e, muito menos, dentro do Allianz Parque.
Se pichação é crime, por que a polícia não prende os pichadores?
Quando eu estava indo para o aeroporto, antes de viajar aqui para Montevidéu, bati essa foto que vocês estão vendo ao lado. É um sobrado humilde no bairro da Mooca, onde uma vez eu vi dois velhinhos entrando com uma sacola de feira. Dá para notar que eles mandaram pintar as paredes e eu imagino a decepção dos dois diante das pichações.
Eu sei que pichadores existem no mundo inteiro e que, geralmente, eles ficam demarcando território. O problema é que São Paulo se tranformou numa cidade toda emporcalhada por esses sujeitos que deviam estar na cadeia ou limpando o que eles sujam durante a madrugada. Repito: pichar é crime. Existe uma lei que prevê prisão de um mês a um ano. Outra brincadeira.
Na Mooca, a mais nova mania é pichar a parte alta dos edifícios. Lembro de quando o zelador de um prédio da Avenida Paes de Barros percebeu que tinha sido enganado e chamou a polícia. Os policiais subiram até o último andar e, no escuro, atiraram. Dois pichadores foram mortos, as famílias apelaram para o pessoal dos Direitos Humanos e os policiais acabaram sendo processados, como se fosse certo os bandidos invadirem a casa dos outros.
Aqui em Montevidéu eu não vi pichações. Passei por paredes grafitadas, mas não pichadas. A cidade é dez vezes menor do que São Paulo, mas cem vezes mais educada do que a capital paulista, onde esses vândalos continuam à solta sem que a polícia faça nada. Quando eu penso que algumas pichações demoram mais de uma hora, vem à minha cabeça a desconfiança de que ou a polícia não está nas ruas ou então é conivente com os pichadores.
O pior é que eu não acredito no nosso próximo prefeito João Dória Júnior, que mais parece um menino mimado falante. Todos os dias ele anuncia alguma medida e, no dia seguinte, volta atrás. Vocês lembram do último debate na Globo, quando ele e a Marta Suplicy disseram que iam tomar providências contra os pichadores se fossem eleitos? Algumas horas depois o Monumento das Bandeiras, obra prima de Brecheret, num dos lugares mais movimentados da cidade, apareceu totalmente pichado.
É revoltante.
Estamos vivendo um tempo de deboches e de emoções.
Enquanto os ministros do Supremo transformam a nossa maior Corte numa verdadeira Casa da Maria Joana, o time da Chapecoense continua sensibilizando o Brasil e o mundo. Ou seja, a gente se revolta quando um juiz debocha das instituições e, em seguida, se emociona quando fica sabendo de mais uma homenagem aos mortos da tragédia com o avião da LaMia.
Foi assim no dia em que Atlético Nacional e Chapecoense disputariam o primeiro jogo. O povo de Medellin fez uma homenagem sem precedentes, enquanto os catarinenses choravam na Arena Condá. Ao mesmo tempo, dezenas de mensagens de solidariedade começaram a aparecer em jogos das maiores equipes do futebol mundial.
No domingo passado, em São Paulo, corintianos, palmeirenses, santistas e sãopaulinos se encontraram na Praça Charles Miller, em frente ao Pacaembu, numa manifestação inédita. Basta lembrar que a Polícia Militar não permite que sejam realizados dois jogos no mesmo horário, para que os torcedores não se matem nas estações do metrô.
Ainda no fim de semana, na Arena Condá, enquanto o nosso presidente morria de medo de ser vaiado no velório (os catarinenses estavam pouco se lixando com a sua presença), o técnico Reinaldo Ruenda, do Atlético Nacional, rezou pelos mortos e disse que o seu time quer conquistar o título mundial para oferecê-lo à Chapecoense.
Na quarta-feira, enquanto o Barcelona confirmava o convite para o time catarinense jogar na Espanha, a emoção tomou conta de dois lugares: da Arena do Grêmio, em Porto Alegre, onde o minuto de silêncio antes da decisão da Copa do Brasil nunca será esquecido, e do Couto Pereira, onde os torcedores inimigos do Coritiba e do Atlético Paranaense lotaram o estádio no dia em que a Chapecoense jogaria a segunda partida pelo título sulamericano.
Preparem-se, as homenagens serão muitas nos últimos jogos do Brasileiro. Se é que o nosso Supremo não suspenderá a rodada alegando que a tragédia com avião da LaMia foi lembrada mais do que a morte do Fidel Castro, amigo pessoal do ex-presidente Lula.
Rogério Ceni só dará certo se o São Paulo contratar bem.
Torço pelo Rogério Ceni como técnico, mas tenho um pouco de medo em relação ao seu sucesso no São Paulo. Não por falta de capacidade do ex-goleiro, mas porque ninguém garante que o tricolor conseguirá montar um bom time nas próximas temporadas.
O maior ídolo do clube começou de uma forma inteligente ao contratar auxiliares técnicos estrangeiros: o inglês Michael Beale, do time sub-23 do Liverpool, e o francês Charles Hembert, que trabalha na parte de logística internacional da seleção brasileira.
Por outro lado, a imprensa exaltou demais os encontros com os técnicos Cláudio Ranieri, do Leicester, e Jürgen Klopp, do Liverpool. Acho que esses bate-papos não tiveram tanta importância. Lembrei do milongueiro Carlos Manga, diretor da TV Globo e de tantas chanchadas na Atlântida, quando ele dizia que tinha sido assistente do cineasta italiano Fellini.
Também não acho que o estágio de uma semana em Sevilha com o técnico Sampaoli possa ter sido proveitoso. O argentino, que mais parece um bonequinho com corda, não significa nada perto de Telê Santana, Autuori, Muricy e Parreira, alguns dos técnicos do Ceni.
Repito: o Mito, como ele é chamado pela torcida sãopaulina, pode ser competente e ter a ajuda do inglês, do francês e do Pintado, mas nada disso adiantará se o São Paulo continuar com esse elenco fraco. Se isso acontecer, ele poderá ter uma carreira parecida com a de outro ex-goleiro que virou técnico, o esquecido Émerson Leão.
Os grandes craques ganham menos do que os políticos safados.
No último sábado, depois de mais homenagens aos mortos do avião da Chapecoense, ao ver os jogadores do Barcelona e do Real Madrid perfilados no Camp Nou eu pensei: esses craques ganham fortunas, mas nada se compara ao que os políticos brasileiros roubaram nos últimos anos.

Como todos sabem, o jogador mais bem pago do mundo é o Cristiano Ronaldo, que recebe R$ 120 milhões por ano, nem a metade do que o ex-governador Sérgio Cabral desviou no Rio de Janeiro. O segundo na lista é o nosso Neymar. Ele está de contrato novo com o Barcelona e recebe R$ 92 milhões/ano, a metade do que o ex-ministro Palocci roubou nos governos do Lula e da Dilma.
O terceiro maior salário do futebol é do Lionel Messi, que será o primeiro da lista quando renovar o seu contrato. Hoje, o argentino recebe R$ 81 milhões/ano, o mesmo valor que o Ministério Público Federal está cobrando do Eduardo Cunha, sem contar o dinheirão que o ex-presidente da Câmara depositou em bancos suíços.
Tudo isso fica ainda mais triste quando a gente pensa na atitude sorrateira dos políticos brasileiros na noite da tragédia com o avião da Chapecoense. Enquanto o Brasil inteiro sofria e rezava pelos mortos, os nossos deputados aproveitaram a madrugada para votar emendas com o objetivo de atrapalhar a Lava Jato.
Aonde eles querem chegar? Amedrontando procuradores e juízes, nossos políticos pretendem instaurar no Brasil uma situação inédita: mocinho na cadeia e bandido na rua.
Imaginem o Ronaldinho vestindo a camisa da Chapecoense.
No meio da semana, o comentarista Casagrande sugeriu que os jogadores que estão perto de suas aposentadorias poderiam vestir a camisa da Chapecoense na próxima temporada. Ele declarou que os veteranos em atividade seriam importantes porque ainda estão em forma.
O Casão também sugeriu que eles atuem de graça. Isso eu não concordo. Acho que o profissionalismo deveria fazer parte da reconstrução, com os veteranos recebendo bons salários, pagos pelos patrocinadores atuais e pela CBF, que tem a obrigação de ajudar.
O time de Chapecó precisa se recompor, inclusive no seu lado profissional, para que a vida no clube volte a ser normal e não fique dependendo de favores misturados com gestos de emoção. A vida continua.
Como o time catarinense será mesmo declarado campeão sul-americano, o desafio agora é montar uma boa equipe para a fase inicial da Libertadores. Fico imaginando os torcedores brasileiros – e de fora – torcendo por um Zé Roberto ou por um Ronaldinho Gaúcho, que esta semana mostrou interesse – através do seu irmão Assis – em jogar um amistoso ou, quem sabe, ter um vínculo um pouco maior com a Chape.

Como o Barcelona também parece disposto a fazer um amistoso, o novo presidente Ivan Tozzo certamente vai pensar na possibilidade de ter o Ronaldinho nesse jogo. Seria o incentivo que falta para que outros veteranos vistam a camisa verde.
#ForçaChape
Fatalidade? Não, foi crime mesmo.

Existem dois tipos de homicídio. O doloso, quando se mata com intenção de matar, o que não é caso do comandante da LaMia que também morreu no acidente, e o culposo, quando não existe o propósito de matar e as mortes são causadas por negligência, imprudência ou imperícia. No voo do time da Chapecoense aconteceu o homicídio culposo, ou seja, com negligência e imprudência.
Piloto e companhia foram negligentes por saberem que a autonomia do avião era de quase 3 mil quilômetros, a exata distância entre Santa Cruz de La Sierra e Medellin, sem nenhuma folga, além do fato dessa viagem nunca ter sido feita sem reabastecimento.
Seria a mesma coisa se me contratassem para guiar 450 quilômetros de carro e eu, sabendo que essa era a minha autonomia, tentasse levar os passageiros até o final da viagem sem parar num posto de gasolina. A diferença é que, no caso de uma pane seca, nós desceríamos no acostamento até o problema ser resolvido.
A notícia de que a agência aérea boliviana (a ANAC deles) alertou sobre o tempo de voo apertado e o perigo de ficar sem combustível é a prova da imprudência, já que o piloto, um dos sócios da LaMia e, portanto, um dos interessados no voo, retrucou dizendo que já havia feito essa viagem várias vezes num tempo menor.
É impossível que uma companhia aérea venezuelana sediada na Bolívia, com apenas um avião operando, possa ter transportado algumas seleções, entre elas a da Argentina, e outras 30 equipes sul-americanas que só não foram dizimadas porque, no final das suas viagens, nenhum outro avião pediu urgência para aterrissar.