Eu fui testemunha de um crime

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No início dos anos 90, Paulinho Machado de Carvalho, o dono da TV Record, me pediu para fazer o projeto de um programa de esportes com apresentação de Osmar Santos.

Com a ajuda do amigo César Teixeira, que já trabalhava na Rádio Record, o Esporte Debate foi saindo do papel.

Decidimos inserir na vinheta de abertura alguns gols do Pelé e lá fui eu para o arquivo da emissora. Lembro bem de como era escura e sem refrigeração a sala onde a Record guardava os seus rolos de filmes. O desleixo era tão grande que muitos fotogramas já estavam estragados.

Quando aparecia uma caixinha com a etiqueta Gol do Pelé era uma festa, mas eu precisava torcer para que a fita não quebrasse no projetor. Foram dois dias inteiros e cansativos para separar meia dúzia de gols inéditos do Rei.

197 - Pele

Um ano depois, ainda inconformado, comentei com o amigo Dante Mattiussi, na época coordenador artístico da Record, sobre o estado deplorável do arquivo. Ele conseguiu um acordo com a TV Cultura, que se propôs a salvar as fitas usando um equipamento recém-importado em troca de ficar com uma cópia do material restaurado.

Paulinho Machado de Carvalho não autorizou e esse erro absurdo fez com que a memória da televisão brasileira perdesse imagens importantíssimas do nosso passado. Foi um crime.

Um comentário em “Eu fui testemunha de um crime

    Paulo Francisco disse:
    20 de agosto de 2017 às 10:55

    Isso é criminoso! Um crime contra a história.

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