Presidente Cloroquina
O Brasil realmente não é um país sério.

Mesmo se a hidroxicloroquina fosse um medicamento cientificamente comprovado, Bolsonaro nunca poderia posar de garoto propaganda.
Mesmo contra as recomendações de médicos, cientistas e da própria OMS, desde o início da pandemia o presidente defende o uso da cloroquina no combate ao novo coronavírus. Agora que ele testou positivo e depois negativo, a sua campanha aumentou com a alegação de que ele foi curado pelo medicamento.
Aqui em São Paulo, muito se falou na cidade de Porto Feliz, que adotou a cloroquina e a azitromicina como tratamento. As primeiras notícias foram as de que os 50 mil habitantes receberam o kit de remédios e que ninguém tinha morrido. Agora, sabe-se que 10 infectados morreram e que uma dezena de cidades próximas, com a mesma população, registraram menos ou nenhuma morte pela Covid-19.
Até um leigo como eu sabe que a cloroquina pode ter salvo muita gente no Brasil porque – como diz o meu médico – “cada caso é um caso”. Mas daí achar que um presidente pode sair por aí receitando remédio a história é diferente e me deixa na dúvida se todos nós estamos vivendo dentro de um grande hospício.
O Brasil virou uma piada de mau gosto
O sábio ministro Dias Toffoli fez o favor (não sei pra quem) de conceder a prisão domiciliar ao Geddel Vieira Lima, aquele dos 51 milhões encontrados em várias malas e caixas no apartamento de Salvador.

Geddel foi condenado a 14 anos e 10 meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, mas agora ele foi para casa porque a sua defesa alegou “dispneia progressiva”, o nome complicado para “falta de ar”.
Essa decisão de dar liberdade ao Geddel veio logo depois da soltura do Queiroz, o amiguinho dos Bolsonaros que também colocou a tornozeleira eletrônica e foi se encontrar com a sua mulher Márcia, que era procurada e se apresentou para cumprir a prisão domiciliar junto do marido.
Só pode ser gozação.
Hoje, Queiroz e Márcia viraram atrações na varanda do apartamento deles, em Jacarepaguá, como se os dois fossem ídolos da música pop acenando para os fãs.
O Brasil virou mesmo a Casa da Mãe Joana.
Pra quem não sabe, essa expressão surgiu a partir do que aconteceu no século 14, quando a condessa Joana, rainha de Napoles, regulamentou em seu nome um bordel, uma casa em Avignon onde imperava todo tipo de corrupção e bagunça.
Uma enganação atrás da outra
Diferente do que acontece nos EUA, onde as bandeiras americanas vivem sempre hasteadas nas escolas, nos eventos e nas janelas de todo país, o povo brasileiro parece ter vergonha de ser brasileiro.

Ayrton Senna criou naturalmente esse nacionalismo ao desfilar com a nossa bandeira depois de vitórias espetaculares. E elas foram muitas. O povo só fazia isso nos jogos da seleção e nas suas conquistas, que agora ficaram bem mais raras.
No Brasil, a primeira coisa que todo presidente faz ao ser empossado é acionar as suas agências de propaganda para que elas criem campanhas motivacionais. E, normalmente, os slogans escolhidos fazem o amor à pátria virar chacota.
Quem lembra do “Brasil, ame-o ou deixe-o” do regime militar? Depois, o Collor veio com o “Brasil Novo”, o Itamar com o “Brasil, a união de todos” e, mais tarde, tivemos o “Trabalhando por todo o Brasil” e “Avança Brasil” dos governos do FHC. Mais recentemente, “Brasil: um país de todos”, do Lula, “País rico é país sem pobreza” e “Brasil, Pátria Educadora”, da Dilma, e o criativo “Ordem e Progresso” do Temer.
Para completar toda essa enganação, Bolsonaro veio com o seu “Pátria Amada Brasil”, que nada mais é do que o final de uma das estrofes do hino nacional.
Ou seria “Pátria Armada, Brasil”?
Eu não tinha pensado no velho coronavírus
Em meio a tantas notícias ruins sobre a pandemia, eu li uma declaração do médico Ricardo Palacios, diretor do Instituto Butantan, em que o pesquisador afirmou que as vacinas que estão sendo testadas podem controlar a doença, mas não o vírus.

Em outras palavras, quando a gente tiver uma vacina eficaz contra o coronavírus ela vai funcionar como a vacina contra a gripe, que previne, mas não acaba com o vírus Influenza.
O médico explicou: quando a pessoa vacinada contra a gripe fica gripada, essa gripe sempre vem com intensidade menor e raramente é letal. Isso vai acontecer quando a gente tiver uma vacina contra a Covid-19.
Uma frase do Dr. Palacios ficou na minha cabeça: “Nós teremos o coronavírus circulando durante o tempo todo de nossas vidas”. Ou seja, o que acontece com H1N1, dengue, febre amarela, HIV, caxumba, sarampo e catapora vai acontecer também com o coronavírus.
E pensar que o nosso Ministério da Saúde não tem nenhum médico. Pessoas como o Dr. Palacios estão soltas por aí, prontas a emprestarem o seu conhecimento. Mas o nosso presidente parece fazer de propósito ao escolher ministros malandros que ficam inventando pós-graduações e doutorados.
Que vergonha.
Vem aí o pandemônio futebolístico
Ainda não se sabe quando, onde e de que forma o público lotará de novo os estádios em todo mundo. O que se sabe é que os jogos de futebol estão voltando e serão absurdamente numerosos a partir de agosto.

A Champions volta no dia 7 de agosto com todos os jogos em Portugal no formato que a UEFA encontrou para terminar o torneio deste ano. As quartas de final e semifinais serão em um jogo, em Lisboa, onde acontecerá também a final no dia 23.
Champions e Liga Europa caminharão juntas em agosto, lembrando que as novas temporadas das duas competições começam já no mês de outubro.
As Eliminatórias da Copa do Mundo voltam em setembro e, na América do Sul, as atenções estarão voltadas para os jogos do Brasil contra a Bolívia e o Peru.
Já deu para perceber que aqui no Brasil teremos muita confusão. Com o calendário apertado, até o final do ano os nossos times terão as fases finais dos torneios regionais, o campeonato nacional, a Taça Libertadores e a Copa Sul-americana.
Claro que teremos muita confusão na liberação de jogadores para a seleção brasileira e aquela chatice de times mistos em campo no Brasileiro porque três dias depois eles têm jogos pela Libertadores.
Salve-se quem puder.
Coitado do Brasil
Depois de duas décadas de medidas populistas e de tanta corrupção eu não esperava grandes progressos com Jair Bolsonaro, a não ser interromper a máquina maléfica do PT, mas também não podia imaginar que a gente ia continuar descendo a ladeira desse jeito.

É uma burrice atrás da outra.
Não é possível ter passado pela cabeça do Wassef, advogado da família Bolsonaro, que era normal esconder o Queiroz na sua casa em Atibaia. Seria a mesma coisa que a Receita Federal entrar no sítio do Lula, lá mesmo em Atibaia, e encontrar a Dona Marisa na piscina. Lembrando que, mesmo camuflando provas, o ex- presidente acabou condenado.
Bolsonaro está vomitando tantas besteiras que nem os seus aliados militares conseguem esboçar alguma defesa. E a incompetência é tão grande na cúpula do governo que os nossos ministros perderam, de uma vez por todas, a noção do que é certo ou errado, do que é democrático ou não.
Na recente e famosa reunião ministerial, ao dizer que os vagabundos do Supremo deveriam ser presos, Weintraub deveria ter sido afastado. Mas não, Bolsonaro passou a mão na cabeça do ex-minstro da Educacão e ainda decidiu promovê-lo a um cargo no exterior, para que ele fuja do Supremo no julgamento das fake-news.
Que tristeza.
Enfim, uma boa notícia
Pouca gente conhece a história maravilhosa do Instituto Butantan, fundado por médicos consagrados como o infectologista Adolfo Lutz, o imunologista Vital Brazil e o sanitarista Oswaldo Cruz. Em 1901, os dois últimos começaram a trabalhar numa vacina capaz de deter a peste bubônica no porto de Santos.

Enquanto combatia a peste, o instituto foi encarregado de desenvolver soros ofídicos para os cafeicultores (imigrantes italianos) que viviam picados pelas cobras venenosas em nossos cafezais. A fama de Vital Brazil correu o mundo.
Depois de quase destruída pela corrupção (sempre a maldita corrupção) e do incêndio na maior coleção do mundo de serpentes, escorpiões e aranhas, o Butantan ressurgiu com mais soros e com vacinas contra difeteria, tétano, hepatite B, raiva e a gripe influenza, que este ano teve a produção de 75 milhões de doses.
Agora, o instituto talvez tenha dado o passo mais importante da sua história ao se associar ao laboratório chinês Sinovac Biotech, que repassará para os cientistas brasileiros a tecnologia de uma vacina quase pronta contra a Covid-19.
Há alguns dias, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou o acordo e os testes com nove mil voluntários. No ano que vem, o SUS brasileiro talvez receba milhões dessas vacinas fabricadas aqui no Brasil.
Tomara.
Nem todo mundo é gênio
Neste momento sem competições, a imprensa esportiva vive de reprises e de debates, geralmente elegendo os melhores em cada modalidade. Quando isso acontece, é comum surgir um número exagerado de gênios no Esporte.

No futebol não existe mistério. Pelé foi disparado o melhor, seguido de longe por Maradona, Messi e CR7, da mesma forma que os Ronaldinhos foram bem dotados e acima da média. Todos craques, ídolos, mas um só gênio.
Neymar imita com certa perfeição as jogadas do Rei e as arrancadas dos dois Ronaldos, mas é apenas mais um craque, uma celebridade. Não inventou nada.
No automobilismo também fica fácil eleger o gênio. O Senna sempre mais rápido do que os espetaculares Emerson e Piquet e ainda competiu com feras como Prost, Mansell, o próprio Piquet, Lauda e até o novato Schumacher, que ganhou sete mundiais e nem assim superou o título do brasileiro de o melhor da F-1.
No basquete brasileiro, Oscar Schmidt foi insuperável. Disputou cinco olimpiadas e é recordista mundial em número de pontos. Marcou quase 50 mil. Com um detalhe: em grande parte da sua carreira não existia a cesta de três pontos, a maior especialidade do Mão Santa, o nosso terceiro gênio.
E chega.
Perdemos o controle e viramos alvo de chacota
Paraguai, Uruguai, Portugal e outros países menores se mostraram grandes no combate ao coronavírus. Enquanto isso, em meio a disputas políticas e incompetência generalizada, o Brasil perde feio para a Covid-19.

Por tudo isso é que a OMS se reuniu com presidentes de vários países e o Brasil não foi convidado. Essa ausência aconteceu porque o Bolsonaro vem sendo questionado pela entidade, que também errou na época em que o diretor geral, Tedros Ghebreyesus, demorou para avisar o mundo sobre o aparecimento do vírus chinês.
Bolsonaro acompanhou o presidente Trump e começou a criticar o Tedros, dizendo que “nem médico ele é”. Mais uma vez o nosso presidente falou bobagem, já que o etíope é formado em biologia, com mestrado em Imunologia pela Universidade de Londres e tem doutorado em Saúde pela Universidade de Notttinghan.
Vale lembrar que o nosso Ministério da Saúde tem 21 militares e nenhum médico.
Essas pisadas na bola do presidente vão custar caro para o povo brasileiro. Nessa reunião da OMS, que teve a participação do Bill Gates, foi anunciada uma verba bilionária para o combate ao coronavírus e o nosso país será um dos últimos a receber a vacina quando ela for testada com sucesso e distribuída para o mundo.
Taokey?
O Brasil é sim para amadores
O Brasil é o segundo país no mundo mais infectado pela Covid-19 e está prestes a assumir a vice-liderança também no número de mortos, já que vai superar nos próximos dias – pela ordem – Espanha, França, Itália e Reino Unido.
Três são os motivos que levaram o nosso país a conseguir tamanha façanha: os atos irresponsáveis do presidente, que sempre subestimou a pandemia, o total despreparo do Governo, que não tem nem Ministro da Saúde, e a atitute leviana dos prefeitos e governadores que autorizaram, incentivaram e promoveram o carnaval sabendo que o vírus já circulava por aqui no começo de fevereiro.

Enfim, todos são culpados. Bolsonaro e governadores continuam trocando farpas, o presidente querendo o fim da quarentena e a maioria dos governantes mantendo o isolamento para tentar corrigir o erro do carnaval.
João Doria disse na época que nós teríamos o maior carnaval já visto na história de São Paulo e centenas de blocos invadiram as ruas da cidade todos os dias. Hoje, o nosso governador, desesperado atrás de como iniciar a flexibilização, copiou dos gaúchos e chamou a sua saída de “quarentena inteligente”.
Dória só esqueceu que o nosso povo não tem nada de inteligente.