Lockdown Já!

Meu avô morreu em 1918, quando meu pai tinha seis meses. Foi vítima da gripe espanhola junto com um terço dos moradores da capital paulista. Seria como se hoje, só aqui em São Paulo, 5 ou 6 milhões perdessem suas vidas.
Um irmão do meu pai contou que um dia as ruas da Bela Vista amanheceram com corpos enfileirados nas calçadas, cobertos por lençóis, porque as famílias tinham medo do contágio. Os carros funerários não davam conta, os caixões acabaram e os cemitérios não tinham mais espaço e nem coveiros.
Não vamos repetir o cenário da gripe espanhola porque hoje a medicina evoluiu, temos muito mais remédios, mas estamos bem perto de outra grande tragédia se o nosso presidente continuar zombando da Covid-19 e se o Ministério da Saúde não comprar logo mais vacinas.
Em Pernambuco, os corpos já aparecem no meio da rua. Aqui em São Paulo, surgiu o primeiro morto por falta de UTI. As filas nos hospitais são imensas e as mortes aumentam todos os dias.
Os que são contra a paralisação total, alegando que o comércio não pode parar, precisam entender que morto não come, não bebe, não compra roupas e nem vai à praia, como milhões de paulistanos pretendem fazer nos feriados antecipados.
Acorda Brasil.
Só faltava essa: um presidente psicopata

Psicopata é quem sofre de um distúrbio mental, definido por comportamentos antissociais, pela falta de moral, arrependimento ou remorso.
Esse é só o começo da definição no dicionário. Qualquer semelhança é mera coincidência.
Usando um termo mais popular, Bolsonaro é um maluco. Não é possível uma pessoa normal ter reações tão destemperadas, ainda mais se tratando de um presidente.
Nos últimos dias, ele extrapolou. Quanto mais mortes o coronavírus provoca, mais o presidente se descontrola, não usa a máscara, provoca aglomerações, xinga a imprensa e atribui a culpa de tudo a todos.
Ele se transformou num ditadorzinho que não admite ser criticado no momento em que a pandemia acaba de matar 270 mil brasileiros, número maior do que os mortos em Hiroshima e Nagasaki na explosão da bomba atômica de 1945.
Alguém precisa dar um basta nisso. Enquanto o Brasil inteiro chora as suas mortes e se transforma numa ameaça mundial, Bolsonaro continua fazendo piadinhas de mau gosto. A última foi a de que nós estamos fazendo mi-mi-mi com a pandemia.
É impossível que o Exército (o que está na ativa) não sinta vergonha do seu capitão afastado nos anos 80 em uma história até hoje muito mal explicada.
Infelizmente, continuamos sendo – sempre – enganados
Eu tinha 15 anos quando Jânio Quadros fez a sua campanha para presidente prometendo varrer com uma vassoura a corrupção que, aqui em São Paulo, tinha em Adhemar de Barros o seu representante mais descarado.

Anos depois, no Aeroporto de Viracopos, eu mesmo vi a Polìcia Federal impedir que o Jânio embarcasse para Londres numa cadeira de rodas empurrada pela filha Tutu. Disseram que ele iria assinar alguns papéis num banco inglês, onde estariam os 100 milhões de dólares da renúncia.
Minha juventude inteira eu convivi com as histórias pouco abonadoras do biônico Paulo Maluf, que era cínico, debochado e dava risada quando alguém dizia que ele roubava, mas fazia.
No começo dos anos 90, Fernando Collor enganou o Brasil inteiro com a sua promessa de caçar marajás. E, mais recentemente, tivemos a era Lula/PT, o período de maior roubalheira que já existiu no meio político e nas estatais.
Agora foi a vez do Bolsonaro prometer acabar com a corrupção e a troca de favores. Fomos iludidos de novo. Nas recentes eleições dos presidentes da Câmara e do Senado, ficou escancarado o “toma lá dá cá” com a compra dos votos usando bilhões que poderiam ser usados na luta contra a pandemia. Bolsonaro não comprou vacinas, mas comprou o Centrão.
Abelzinho ficou meio perdido no Catar
Enquanto o Abelão que já foi campeão do mundo não sabe como levar o Inter ao título brasileiro, o técnico Abel Ferreira cometeu alguns erros que foram fatais no Mundial.

O Palmeiras não seria campeão, longe disso, mas teria feito um papel bem melhor com o Felipe Melo jogando desde o início contra o Tigres. O time mexicano é experiente, malandro, e tomou conta do jogo liderado pelo centroavante Gignac. O francês teria tido menos espaço, como aconteceu quando o Pitbull entrou no segundo tempo.
O técnico português deve ter aprendido também que a garotada pode jogar no futebol doméstico, nunca num mundial recheado de jogadores experientes. Danilo e Menino se preocuparam mais em descolorir os seus cabelos.
Outro erro foi tirar o Rafael Veiga contra os egípcios sabendo que a decisão se encaminhava para os pênaltis. Sem o seu cobrador oficial, o Palmeiras ficou à mercê do Rony, que parece viver no mundo da lua. Não devia ter tirado também o Patrick de Paula, que deu o título paulista ao Palmeiras no último pênalti contra o Corinthians. O Felipe Melo, cansado, poderia ter saído no final do jogo.
Enfim, se o Abelzinho foi bem – ou deu sorte – na Libertadores, a gente vai saber nos dois jogos decisivos da Copa do Brasil.
Uma coisa é certa: o Tigres e o Al Ahly são melhores do que o Grêmio.
E o Cuca pagou o pato.
Como palmeirense eu adorei a confusão entre Marcos Rocha e Cuca na final da Libertadores. Por causa da expulsão do técnico, o time santista teve um momento de desatenção e o Palmeiras acabou marcando o gol do título, aos 53 minutos do 2º tempo.

Agora, revendo o confusão, fiquei com dó do treinador santista. Ele não merceceu a expulsão. Apenas foi pegar a bola, como todos os técnicos fazem. Escorregou e deu a impressão de estar retardando o reinício do jogo.
O Cuca não tinha motivo para segurar a bola. Ele sabia que o Palmeiras estava renovado com as entradas de Patrick de Paula e Breno Lopes, e aue a prorrogação não era bom negócio para o Santos. Ele tinha é pressa na esperança de o Marinho e o Soteldo resolverem o jogo no tempo regulamentar.
Não se deve esquecer que, no calor do jogo, Marcos Rocha pode ter interpretado mal a intenção do técnico santista porque os dois tiveram uma briga feia em 2013, no Atlético Mineiro, quando o lateral foi substituído pelo mesmo Cuca no Mundial do Marrocos.
No último sábado, deu pra ver o Cuca pedindo humildemente para o árbitro argentino conferir na tela do VAR o seu escorregão involuntário.
Repito, fiquei com dó dele.
O calça apertada está dando um nó no presidente machão
Sabemos que o Doria sempre foi lobista, oportunista e outros istas, mas ninguém pode tirar dele o mérito de estar dando um baile no nosso presidente.

A vacina do Butantan pode servir para o governador paulista fazer campanha, mas o importante é que os primeiros profissionais de saúde estão sendo vacinados, enquanto o inepto do Bolsonaro continua dando tiros e mais tiros no pé como nenhum outro presidente brasileiro fez até hoje.
Depois de roubar quatro milhões e meio de doses da “Vachina”, como ele chamou, e de ter feito aquele teatro infeliz e inoportuno com a vacina indiana, nosso presidente agora proibiu o Doria de conversar com os chineses.
Para piorar a situação, pegou fogo nas instalações que os indianos estavam construindo para fabricar bilhões de vacinas, o que vai atrasar ainda mais o insumo para a Fiocruz. E o presidente, derrotado, resiste em não hastear a bandeira branca, nem que seja numa paz provisória, o que salvaria a vida de milhares de brasileiros.
Bolsonaro não sabe como consertar o estrago que ele, seu filho e seus ministros fizeram com a China. Ele é realmente um desastre. É cópia piorada do Trump, que não entrou em nenhuma guerra, é verdade, mas tratou a pandemia como gripezinha e hoje, na batalha contra a Covid-19, os EUA estão tendo mais de quatro mil baixas diárias.
O maldito barulho nos jogos de futebol
Não bastasse o nível ruim das transmissões esportivas pela tevê, ainda somos obrigados a suportar o barulhão insuportável captado pelos microfones de som ambiente.

Esses monstrengos estão por toda parte, atrás dos gols, das bandeirinhas de escanteio e perto dos técnicos, como se vê na foto do jogo Ponte Preta e Cruzeiro. Na verdade, o microfone estava bem ao lado do Felipão que, incomodado, o colocou distante. E o narrador do SporTV teve a coragem de dizer: “Ele sempre faz isso… nosso assistente vai lá, coloca e ele tira de novo”.
Que absurdo.
Esses microfones sempre existiram, mas agora, sem a presença do público, passaram a captar tudo, inclusive o som repetitivo e irritante de torcida que o DJ do estádio coloca sem a menor supervisão.
Seria melhor ser surdo.
Na Europa, o som ambiente é captado com sutileza. Aqui, os gritos dos treinadores encobrem a voz dos narradores e tudo piora quando os reservas incentivam os companheiros. Aí ninguém entende mais nada, só os palavrões entoados pelos boleiros. Trabalhei bastante tempo em televisão, por isso garanto que um bom operador de áudio – se instruído – pode acabar com esses absurdos que os narradores tentam justificar com medo dos seus superiores, que nāo estão nem aí para os telespectadores.
Messi, Neymar e Mbappé juntos. Será?
Os jornais europeus, especialmente os de Paris, Madrid e Barcelona, estão se derretendo em elogios ao Neymar depois dos 5 a 1 sobre o Istanbul Basaksehir pela Champions League.

Os três gols marcados, especialmente o primeiro, o fato dele ter deixado Mbappé cobrar o pênalti e, principalmente, a posição no episódio do racismo, devolveram ao brasileiro a simpatia perdida depois de atitudes antipáticas dentro e fora do campo.
Vale lembrar que dias antes dessa ressurreição, Neymar declarou que o seu grande sonho é voltar a jogar ao lado de Lionel Messi, que já deixou clara a sua intenção de deixar o Barcelona no final do ano.
Ficou a impressão de que essa declaração do Neymar foi combinada com o diretor do PSG, o brasileiro Leonardo, para que o assunto viesse à tona e provocasse as especulações que estão acontecendo de que o time francês pensa em contratar o melhor do mundo.
Como se sabe, o Manchester City mostrou interesse no argentino, mas que ninguém duvide se o PSG atravessar a negociação para formar o ataque do seu e dos nossos sonhos, formado por Mbappé, Messi e Neymar.
Seria muito gostoso ver esse trio jogando.
Época em que até os deuses se rendiam ao nosso futebol
O povo argentino sempre venerou Maradona, mesmo quando ele vivia mergulhado no mundo das drogas. A torcida portenha – e a napolitana – souberam separar a vida do craque e a do homem, o que nunca aconteceu no Brasil em relação ao Rei Pelé.
Eu achava que o Ronaldino Gaúcho tinha sido o maior malabarista do futebol mundial, tal o seu repertório de dribles, canetas e matadas desconcertantes. Vendo outro dia um vídeo do aquecimento que o Maradona fazia antes dos jogos do Napoli eu percebi que o argentino foi ainda melhor do que o brasileiro.
O Careca, seu companheiro nos tempos de Napoli, já tinha me contado que a torcida italiana chegava mais cedo ao Estádio San Paolo só para ver Maradona se exibir com suas embaixadinhas, sempre com os cordões das chuteiras desamarrados, como se quisesse mostrar que Deus não tropeça.
O que pouca gente sabe é que por trás da figura polêmica e desafiadora do argentino, que sempre contestou o futebol brasileiro e a realeza do Pelé, existiu um menino que, na infância e na juventude, foi apaixonado pelo futebol brasileiro.
Na foto, o menino Maradona vestindo a camisa da nossa seleção após a conquista do tricampeonato no México.

O Brasil não perde a chance de ser Brasil
Essa frase do título é da minha mulher Luisa.
Em Macapá, só os ricos têm luz. Enquanto praticamente toda a capital do Amapá está sem energia, com os pobres sem eletricidade desde o dia 3, uma dezena de condomínios de luxo não foram afetados porque neles moram desembargadores, industriais, políticos e empreiteiros.

A companhia de luz alega que a energia não foi cortada nesses condomínios porque eles ficam localizados perto de hospitais e postos de saúde, uma meia verdade que serviu de desculpa. Bares, restaurantes e mercados mais distantes dos privilegiados perderam tudo o que estava refrigerado.
Alguns leitores podem imaginar que Macapá seja uma cidade pequena, mas não é. Lá vivem mais de meio milhão pessoas, sendo que esse número chega a 800 mil se forem contados os municípios próximos também afetados pela falta de energia. E é evidente que os postos de saúde e farmácias desses lugares também estão sem luz.
Alheio a tudo isso, nosso presidente ficou fazendo campanha política do filho Zero 2 e dos seus aliados. Carluxo foi eleito, com menos votos do que na última votação, mas Russomano, Wal do Açai, Marcelinho Carioca e tantos outros perderam a eleição por causa da popularidade mais baixa do capitão.