A volta das atrações no futebol brasileiro
Além da presença dos estrangeiros distribuídos por times de todo o país, tivemos as repatriações de Gabigol, Hernanes, Ganso, Pato e, recentemente, as ousadas contratações de Rafinha, Filipe Luís, Juanfran e Daniel Alves.

Até o ano passado o técnico Tite tinha poucas opções para convocar jogadores em atividade no Brasil, como aconteceu com Fagner e Cássio na Copa. Hoje, o nosso treinador poderia escalar com facilidade uma boa seleção só com brasileiros.
Eu arrisco esboçar esse time com Cássio, Rafinha (ou Fagner), Dedé, Geromel (ou Rodrigo Caio) e Filipe Luís; Maicon (ou Felipe Melo), Bruno Guimarães e Daniel Alves pela direita; Dudu (ou Antony), Pedro (ou Gabigol) e Everton Cebolinha.
Mostrei essa escalação para o amigo Cléber Machado. Ele concordou com quase tudo e foi ele quem sugeriu o Maicon de volante. O Bruno Guimarães, do Athletico Paranaense, foi sugestão do Muricy Ramalho, também presente no almoço.
Pensei nesse time de brasileiros enfrentando uma seleção de estrangeiros que jogam no Brasil comandada pelo Sampaoli. Teríamos Gatito Fernandez, Juanfran, Gustavo Gomez, Kannemann (ou Victor Cuesta) e Trauco; Cuéllar, Sanchez (ou D’Alessandro), Arrascaeta e Nico Lopez; Soteldo e Guerrero.
A reação do meu filho Julian: “Pai, os estrangeiros ganhariam“
Os ânimos estão exaltados
Quando a esquerda defende o Greenwald logo aparece uma saraivada de notícias ligando o jornalista americano aos petistas mais ilustres. Se a ABI promove ato de apoio ao pivô dos vazamentos, vem a direita e esculhamba tudo com a história de que o Verdevaldo é casado com o suplente do Jean Wyllys.

A esquerda continua querendo saber quem matou Marielle e não faltam os que insistem na punição ao sempre sumido Queiroz. Nessa hora, a direita quer saber quem mandou o Adélio esfaquear o presidente e quem foi o mandante no assassinato do prefeito Celso Daniel e das oito testemunhas.
Em uma de suas últimas pérolas, Bolsonaro disse que poderia contar como o pai do presidente da OAB foi morto pelos companheiros de guerrilha. Prontamente, a resistência retrucou afirmando que a ditadura militar é responsável pela morte.
Caetano Veloso se matou de rir com o inglês macarrônico do filho do presidente cotado para ser embaixador nos EUA. Rapidamente, a direita produziu a fake news de que Benedita da Silva tinha ocupado esse cargo quando o PT estava no poder.
É uma atrás da outra, ou uma na frente da outra – como diz a minha mulher.
Enfim, neste momento em que os políticos querem acabar com a Lava Jato, falta a esquerda se posicionar a respeito e se preocupar menos com as declarações do nosso presidente. Afinal, como FHC bem definiu, ele sofre de “incontinência verbal”.
Longe de ser unanimidade nacional
Depois do sucesso nas Eliminatórias, o técnico Tite perdeu um pouco do seu prestígio com a derrota na Rússia e agora, mesmo com o título na Copa América, muita gente começa a falar em Renato Gaúcho na seleção.

O desgaste veio por uma série de motivos, o principal deles a falta de coerência nem tanto na parte técnica, mas nas atitudes que nem sempre estiveram de acordo com uma pessoa tão pública.
A primeira incoerência aconteceu na época em que ele foi convidado para ser o técnico da seleção. Meses antes, Tite tinha assinado um manifesto contra o presidente da CBF e, no dia da apresentação, não só abraçou o Del Nero como deu um beijo no cartola que agora foi banido do futebol.
A segunda grande incoerência se deu agora, na premiação pela conquista da Copa América. Numa atitude que se transformou em afronta, o técnico abaixou a cabeça, não olhou para o presidente Bolsonaro e, em seguida, deu um abraço apertado no atual presidente da CBF, o Rogério Caboclo que lhe paga tantos milhões.
O que irritou grande parte de quem assistiu a essa cena desrespeitosa foi o fato de o Tite, aquele que vinha pregando que futebol e política não se misturam, na época do Corinthians tirou muitas fotos e bajulou bastante o ex-presidente Lula.
Parece que o Tite faz questão de ter amigos banidos e presos.
Devia ser assim: cada um no seu quadrado.
Depois da vitória sobre os argentinos, Galvão Bueno perguntou no final da transmissão qual seleção enfrentaria o Brasil na final da Copa América. Os comentaristas Casagrande e Júnior disseram “Chile” com todas as letras, no que o narrador concordou plenamente descartando também a equipe peruana.

Os três não aprenderam a lição do último sábado, quando o peruano Guerrero tirou um sarro do agora comentarista Muricy Ramalho, que dias antes disse no SporTV que o Uruguai passaria com facilidade pelo Peru.
Nesta quarta-feira, depois dos 3 a 0 em cima do Chile, o centroavante Guerrero (foto) disse novamente que no futebol tudo se resolve dentro de campo e reclamou da falta de respeito por parte dos que apontaram o Chile como favorito, referindo-se ao time da Globo.
Por causa desse ambiente delicado e perigoso de menosprezos e revanchismos é que Gabriel Jesus e Casagrande se estranharam depois do jogo contra a Argentina. Daniel Alves também fez cara feia e resmungou bastante, no que foi duramente criticado por Galvão Bueno.
É difícil encontrar o meio termo no jornalismo esportivo. O comentarista Maurício Noriega é o que chega mais perto dessa perfeição.
Tite não explicou onde fica a casinha
O Paraguai sempre nos deu trabalho. Nesse jogo de Porto Alegre não foi diferente, a não ser pelo fato de que ficou evidente demais a fragilidade do ataque brasileiro.

No primeiro tempo a nossa seleção chutou apenas uma bola ao gol do Gatito e depois criou só duas ou três situações de perigo diante de um adversário com dez jogadores.
A goleada sobre o Peru aconteceu porque o técnico Gareca é um maluco. Hoje o Brasil não tem uma grande seleção, mas ainda assim merece respeito quando pega adversários tão abertos e desprotegidos.
Nossa defesa é boa, mesmo sem a proteção do Casemiro, que é dez vezes melhor do que o seu substituto, o Allan que joga só no Napoli, da mesma forma que o David Neres parece ser jogador do Ajax.
O problema está na definição das jogadas. O Arthur entrega bem a bola, mas daí para frente não acontece nada com Coutinho, Jesus, Firmino e o tal do Cebolinha.
Para se ter uma ideia de como os nossos atacantes são fracos, o time só melhorou depois da entrada do veterano Willian, que vem desde a Copa de 2014. Foi ele quem chutou a bola na trave.
Se o Brasil ganhar esta Copa América é porque as outras seleções são muito ruins.
A decadência do campeonato brasileiro
A Copa América está servindo para mostrar como anda o nosso futebol doméstico. Na primeira rodada, pelo menos cinco estrangeiros que são destaques em times brasileiros não passaram de reservas nas suas seleções: os uruguaios Arrascaeta e Cuéllar, o paraguaio Gustavo Gómes, o equatoriano Arboleda e o venezuelano Soteldo.
Bem servidos nessas posições, os técnicos Óscar Tabárez, Carlos Queiroz, Eduardo Berizzo, Hérnan Darío Gómez e Rafael Dudamel nem se preocuparam se torcedores do Flamengo, do Palmeiras, do São Paulo ou do Santos estavam pedindo a presença dos seus jogadores em campo.
O técnico uruguaio foi até generoso no Mineirão em não colocar o Arrascaeta no segundo tempo. Ele percebeu que os torcedores do Cruzeiro iam vaiar demais o ex-jogador do time mineiro.
Por outro lado, o gremista Everton Cebolinha (foto), o único jogador doméstico convocado pelo Tite, acabou sendo a grande surpresa do primeiro jogo da seleção brasileira. Ele marcou um lindo gol, o terceiro da vitória do Brasil sobre a Bolívia, e fez o que não fizeram o David Neres e até o badalado Firmino.

Outro que ficou no banco e depois entrou no segundo tempo para marcar um golaço para a sua seleção foi o Derlis Ortiz, jogador do Santos. No caso desse paraguaio a gente nem notou o fato dele estar na reserva porque nem no Santos ele é titular.
Que tristeza.
Nossa seleção voltou a ser a melhor do mundo
Quem assistiu ao jogo Brasil e Honduras ouviu o Casagrande elogiar demais o futebol da seleção brasileira. Segundo ele, o espírito coletivo voltou ao time do Tite, que se apresentou de uma maneira solta e alegre.

Roger Flores disse a mesma coisa, mas eu não o considero um comentarista e, por isso, nem vou me preocupar com as suas opiniões.
Voltando ao Casagrande, quero ver quais serão as explicações para as atuações da nossa seleção na Copa América, a começar pelo jogo de sexta-feira, contra a Bolívia.
Ganhar de 7 a 0 de Honduras não representou nada, tal a fragilidade e a ingenuidade do time hondurenho. A Bolívia joga muito mais, a Venezuela não é mais tão freguesa e o Peru vem mordido depois de perder em casa para a Colômbia. Na primeira fase da Copa América só pegamos moleza, mas todos bem melhores do que Honduras.
É cedo para deduzir que a ausência do Neymar tenha deixado a seleção mais leve. Esse comentário, vindo do Casagrande, cheirou revanchismo depois da sua briga com o Neymar pai e das críticas ao Neymar filho desde o último torneio olímpico.
Argentina e Colômbia é que vão disputar um grande jogo no sábado. Um dos dois e Uruguai ou Chile serão os possíveis adversários do Brasil nas fases seguintes. Aí sim eu quero ver o futebol leve, solto e alegre da seleção brasileira.
Futebol é como dinheiro, não aceita desaforo
Quem poderia imaginar que o técnico Mauricio Pochettino teria a coragem de deixar o Lucas Moura no banco de reservas na decisão da Champions League? Pois foi o que o comandante do Tottenham fez no sábado contra o Liverpool.

Ao não escalar o herói do jogo contra o Ajax, o autor dos três gols da classificação, Pochettino (na foto consolando o Kane) quis mostrar ao mundo que em termos de importância ele estava acima de todos e acabou escancarando a sua arrogância. O argentino arriscou e se deu mal.
Foi errado colocar o Lucas só na metade do segundo tempo. A essa altura do jogo a situação já estava encaminhada, com o Liverpool recuado, todo fechado à espera do contra-ataque.
Eu também não abriria mão de escalar o Harry Kane, centroavante perigoso mesmo sem ritmo de jogo, mas acharia um lugar para o Lucas no time. Pochettino poderia ter escalado o brasileiro ao lado do sul coreano Son e do próprio Kane, antecipando em meio tempo e mais 21 minutos a pressão que o Tottenham fez no final do jogo.
Parabéns ao técnico do Liverpool, o alemão Klopp. Numa final de Champions ele mostrou a sua grandeza ao continuar jogando com três atacantes.
Vocês sabem o que significa Pochettino em italiano? Pouquinho.
Felipão é uma fortaleza
Sempre que aparece a imagem do Felipão nas trasmissões dos jogos do Palmeiras eu me pergunto: por que será que ele ainda está trabalhando?

Aos 70 anos, faça sol ou chuva, seja aqui em São Paulo ou no Maranhão, Scolari continua colecionando vitórias. Ele parece não estar satisfeito com o título mundial e a Copa das Confederações com a seleção brasileira, duas Libertadores, dois Brasileiros, três campeonatos gaúchos, três Copas do Brasil e três títulos chineses.
Dinheiro não lhe falta e eu continuo me perguntando o motivo dele ficar tanto tempo resmungando com os repórteres nas coletivas depois dos jogos. Ele já não é tão brincalhão, mas ainda tem boas tiradas diante das perguntas mal formuladas.
A única explicação que eu encontro para todo essa persistência e dedicação é o esforço que o Scolari resolveu fazer para que esqueçam aquele desesperador e catastrófico 7 a 1 na Copa de 2014. Isso vai ser difícil de acontecer, mas com tantas vitórias Felipão já anda pelas ruas como uma pessoa quase normal.
No programa Bem Amigos, o também marcado Felipe Melo, que aos poucos vai conseguindo apagar a imagem de responsável pelo fracasso da seleção na Copa de 2010, definiu bem o Felipão. O volante contou que chorou abraçado ao técnico quando foi expulso no começo do jogo com o Cerro Portenho, pela Libertadores, e que ficou devendo ao treinador esse carinho que recebeu.
“Por isso ele é grande” – disse o Pitbull.
Por que tanto desinteresse pela Copa América?
A derrota na Copa, as entrevistas maçantes e repetitivas do Tite, as poucas revelações na lista de convocados e as últimas atitudes impensadas do Neymar são alguns dos motivos de o torcedor brasileiro andar ignorando a Copa América.

No passado nós passamos por momentos parecidos, mas este está demorando para ser superado por causa do marasmo que tomou conta da nossa seleção. Com o Tite tudo é sem graça e sem polêmicas, como acontecia com João Saldanha, Zagalo, Felipão ou Dunga. Nosso técnico está sempre morno, fugindo das perguntas, como no episódio Neymar e a braçadeira de capitão.
Para aumentar o desinteresse, a CBF programou dois amistosos muito interessantes. Vamos jogar no Mané Garrincha contra o Catar e no Beira Rio contra Honduras. Dois jogos imperdíveis. Depois o Tite vai tentar explicar os problemas que surgiram em campo contra argentinos, uruguaios ou chilenos.
E, para piorar a situação, o competente auxiliar Sylvinho foi treinar o Lyon e isso me lembra o episódio que aconteceu na Copa da Rússia. No jogo contra os belgas, Tite colocou o seu filho na tribuna como observador, ao invés de usar o Sylvinho, especialista no assunto. Resultado: ficou sem a informação de que havia um buraco no meio de campo, onde o De Bruyne deitou e rolou.