Quem faz carreata merece cadeia

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Como prender o presidente Bolsonaro é mais complicado, que prendam logo os participantes das carreatas feitas por todo o país pedindo o fim do confinamento.

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Esses riquinhos irresponsáveis, que não saem dos seus carros com medo da contaminação, querem expor a nossa população ao risco de o Brasil superar o número de mortos dos principais países do mundo.

As carreatas bolsonaristas são o reflexo do nosso presidente, que neste domingo foi até as ruas de Sobradinho e Taguatinga dando mais um exemplo da sua insanidade. Ele cumprimentou outros malucos como ele, contrariando as recomendaçóes do Ministério da Saúde e da OMS.

Bolsonaro está perdendo o seu prestígio com a mesma rapidez com que ganhou força nas últimas eleições. Neste domingo, por exemplo, o Twitter apagou duas publicações feitas por ele.

Na tentativa de salvar o seu governo da inevitável crise econômica, o presidente perdeu de vez o juìzo ao não se importar com a morte de milhares de brasileiros.

Na verdade, os especialistas acham que se o povo voltar às ruas, o número de mortos pode superar a casa do um milhão porque o coronavírus certamente chegará com muito mais intensidade nas periferias das grandes cidades.

Bolsonaro meteu os pés pelas mãos

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O confinamento na Itália está dando certo, apesar de os italianos continuarem chorando suas mortes. O contágio diminuiu e o número de mortos estabilizou em 700 por dia a partir do momento em que o povo começou a cantarolar em suas janelas.

Vocês imaginam o Brasil (leia-se São Paulo) com 700 mortos por dia? Haja panela.

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Bolsonaro não entendeu que a Itália está um mês na nossa frente, tanto que os especialistas afirmam que teremos mais de 5.500 mortos no dia 6 de abril.

Em contrapartida, existe a tese do presidente de que o Japão, que teve o seu primeiro infectado um mês antes do Brasil, hoje contabiliza 42 mortes com a indústria e o comércio funcionando. Mas a gente sabe que o japonês é cem vezes mais disciplinado do que o brasileiro.

Pode ser que o general amigo do Bolsonaro tenha razão ao dizer que não adianta a pessoa se matar para não ir à guerra, referindo-se à destruição da nossa economia, mas a verdade é que o presidente perdeu a razão ao se deixar levar pela política.

Mal assessorado pelos filhos e por empresários tão ou mais despreparados do que ele, Bolsonaro ficou ensandecido com o prestígio conquistado por Mandetta e com o crescimento político do Dória. E perdeu o juízo.

Ainda bem que o ministro Mandetta desafiou o presidente. Se é que ele vai continuar no cargo.

Globo faz videocassetada na hora errada

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Eu acompanhei de perto as “Diretas Já” quando trabalhei com Osmar Santos, figura importante nesse movimento. Na época, Roberto Marinho baixou uma ordem expressa para que suas emissoras, especialmente a TV Globo, não tocassem no assunto.

Mesmo trabalhando na Rádio Globo, Osmar nunca deu importância para essa proibição e entrevistou todo mundo no seu programa Balancê.

Enquanto isso, a TV Globo continuava ignorando as Diretas. Lembro de quando o diretor de Jornalismo de São Paulo, Dante Mattiussi, quase infartou por não poder noticiar em seus telejornais o grandioso e histórico comício da Praça da Sé.

Anos depois, Lula e Collor tinham empate técnico nas pesquisas para presidente e, no momento decisivo do 2º turno, a TV Globo editou criminosamente o último debate. Mais tarde, o todo poderoso Boni confessou essa fraude a favor do Collor.

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Agora, a TV Globo fez outro papelão ao abordar no JN a entrevista em que o presidente e seus ministros explicaram o uso das máscaras por terem trabalhado um dia antes com o general Heleno, que testou positivo para o coronavírus. A TV Globo ignorou esse fato e exibiu uma edição de imagens em que Bolsonaro punha e tirava a sua máscara como um bobalhão.

Na época das Diretas, a Globo queria favorecer a ditadura. Em 1989, morreu de medo do Lula (que ironia). Esta semana, usou de um recurso baixo para desestabilizar o presidente que ela tanto odeia.

Tite erra mais do que acerta

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Quem assistiu ao inédito Grenal da Libertadores, na última quinta-feira, ficou se perguntando o motivo de o Tite não ter convocado o Geromel.

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Poucas vezes eu vi um zagueiro jogar tanto futebol. E olha que eu sou do tempo de Mauro Ramos de Oliveira, Figueroa, Ramos Delgado e Luís Pereira.

Sem Rodrigo Caio, machucado, a convocação do Eder Militão foi um absurdo. O ex-sãopaulino e reserva no Real é fraco e não convenceu nos últimos amistosos da Seleção. O gremista Geromel estava bem antes mesmo desse Grenal.

Tite acertou nas convocações de Éverton Ribeiro, Bruno Henrique e Gabigol porque a Seleção vive do que há de melhor no momento. Por isso ele acertou também ao chamar o zagueiro Felipe, do Atlético de Madrid. O ex-corintiano mostrou o seu bom futebol na recente e histórica vitória sobre o Liverpool.

O problema maior é que a nosso comandante não parece preocupado com a Copa de 2022. Thiago Silva e Marquinhos são bons zagueiros, mas não chegam lá. Geromel, Rodrigo Caio e Felipe precisam ser testados o mais rápido possível.

Ainda bem que a FIFA cancelou a primeira rodada das Eliminatórias. Com os jogos contra Bolívia e Peru adiados, Tite terá a oportunidade de fazer algumas mudanças. Por exemplo: não dá para entender as seguidas convocações do Richarlison.

Uma bofetada na cara da gente

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O ex-detento, já condenado a 12 anos e 11 meses no caso do sítio e réu em mais oito processos continua fazendo um tour com o nosso dinheiro.

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Foto: Rahel Patrasso/Reuters

Não bastasse a gente ter pago um milhão de reais nos salários de seus assessores durante o período em que ele esteve preso, agora Lula viajou com uma porção de assistentes autorizados pelo Governo, como já tinha acontecido na visita ao Papa.

Na Europa, o ex-presidente tem a companhia da companheira Dilma que, por sua vez, viajou acompanhada por mais alguns assessores.

Diárias, passagens, hotéis, refeições, translados, uma farra.

Nada contra receber homenagens e se encontrar com líderes sindicais em Paris, Genebra e Berlim. Acho até que ele conquistou esse direito. O problema é que o Lula deveria usar recursos próprios ou do PT, nunca o dinheiro da gente.

Ex-presidente condenado pela Justiça e ex-presidentes cassados por impeachment (no caso Collor e Dilma) nunca poderiam ter essas mordomias.

Basta lembrar que na Inglaterra a Rainha Elisabeth segura o seu próprio guarda-chuva e que, numa recente pesquisa, 90% dos ingleses disseram que não admitem pagar pela segurança do Principe Harry e da sua mulher Meghan.

Sua Santidade pisou na bola

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No momento em que o mundo inteiro está preocupado com o coronavírus, resfriado e tossindo o Papa Francisco manteve o seu tradicional encontro com os fiéis na Quarta Feira de Cinzas. O Sumo Pontífice apertou a mão de dezenas de pessoas e beijou crianças na Praça São Pedro, justo no momento em que o vírus foi detectado no sul de Roma.

Papa

Parece brincadeira.

O pior é que um dia após esse encontro com os fiéis, o Papa alegou indisposição e cancelou sua presença numa missa na Basílica de São João de Latrão. Só faltava ele estar gripado, com dores no corpo e falta de ar (os sintomas do coronavírus), lembrando que Jorge Bergoglio convive há anos com problemas respiratórios.

O que aconteceu no Vaticano foi uma irresponsabilidade da Santa Sé, que deveria ter cancelado a aglomeração dos fiéis na praça, como está sendo feito em todo o norte da Itália, principalmente em Veneza.

Mesmo se não houvesse a ameaça da epidemia, o Papa resfriado e com tosse não poderia ficar estendendo a mão para as pessoas e beijando as crianças.

Tomara que o chefe da Igreja Católica fique bom do resfriado, recupere o juízo e que nenhuma contaminação tenha acontecido na última quarta-feira. Mas eu repito: foi uma tremenda irresponsabilidade.

De repente, a mídia desbotou e ficou corada

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Foi preocupante o que aconteceu na última sexta-feira, quando um manifestante apareceu durante bom tempo no telejornal SP2 mostrando um jornal de classe com a manchete “Fora Bolsonaro”. Foi um episódio grave.

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Grave porque agora os bolsonaristas vão se achar no direito de invadirem qualquer telejornal ao vivo portando cartazes e isso pode acirrar ainda mais as diferenças.

Também é grave a falta de preocupação da Globo nessa invasão que pegou desprevenida a repórter Laura Cassano no momento em que ela dava informações sobre o carnaval paulistano.

Eu trabalhei mais de 20 anos na Globo e sei que as equipes de jornalismo sempre saem acompanhadas por seguranças. Por isso não entendi duas coisas: o invasor ficar tranquilamente no ar sem que ninguém o tirasse e a ausência – ou conivência – do jornalista responsável pelo telejornal no switcher da TV Globo.

Demorei alguns dias para escrever este texto esperando o tamanho da repercussão e não estranhei o fato de o episódio ter sido pouco ou quase nada comentado pela nossa mídia. Acho que até ela ficou envergonhada com esse tipo de manifestação.

Depois dos dois Jorges, vem aí o argentino Coudet

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Mais um técnico estrangeiro está dando certo no Brasil. Depois do Jorge Jesus e do Jorge Sampaoli, agora foi o Eduardo Coudet quem nos deu uma aula de futebol.

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Ele fez tudo certo na vitória do Inter sobre o Universidad. Colocou em campo o meia Boschilia e depois, contra a vontade da torcida e do próprio D’Alessandro, substituiu o argentino pelo também ex-sãopaulino Marcos Guilherme. Além de marcarem os gols, os dois foram os maiores destaques no Beira Rio.

Na Pré-Libertadores, Coudet superou Tiago Nunes, o técnico corintiano que não soube como lidar com o Guarani paraguaio.

Eu ainda gosto mais do Sampaoli. Pena que ele foi embora. É bem superior ao português Jesualdo Ferreira que o substituiu no Santos e – na minha opinião – é melhor do que o badalado Jesus comandante do poderoso Flamengo.

Sampaoli se destacou como técnico nessa mesma equipe chilena que enfrentou o Internacional, viveu grande momento no Sevilha e dirigiu as seleções chilena e argentina, enquanto o Jesus só fez sucesso no Benfica.

Para provar a competência do baixinho rabiscado basta lembrar de quando ele disse aos dirigentes do Palmeiras que, se assinasse contrato, colocaria Ramires de volante e Felipe Melo na zaga. Foi justamente isso que o malandro Luxemburgo fez alguns dias depois.

A obra-prima do pai do Pio

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Eu tive o privilégio de trabalhar com o Domício Pinheiro, um mestre da fotografia.

Ele era esquisito? Era. Ranzinza? Muito. É que o Domício não tinha tempo para ser simpático. Estava sempre farejando o melhor assunto e procurando o ângulo certo para usar a sua Pentax.

O normal no jornalismo impresso sempre foi a fotografia ilustrar a matéria do repórter. No caso do Domício, geralmente o texto da reportagem era feito a partir da imagem que ele conseguia.

É bom lembrar que na época não existia câmera digital e, mesmo sabendo que era preciso colocar e tirar o velho rolinho com o filme, Domício usava a sua máquina fotográfica como se estivesse com uma metralhadora na mão. Fazia sequências e mais sequências, para depois escolher a foto perfeita.

Foi assim que ele flagrou, em 1974, a fratura na perna do atacante Mirandinha. Uma imagem trágica, mas histórica. Foi assim que ele registrou para o Grupo Estado os momentos mais importantes da carreira do Pelé, seu eterno modelo fotográfico.

Lembro da minha primeira matéria assinada na Folha de S. Paulo, em 1972. Quando o editor Aroldo Chiorino perguntou se alguém na redação tinha alguma sugestão para ilustrar a reportagem sobre o Pelé, apareceu do nada um cabeludo chamado Pio Pinheiro e disse: “Coloquem essa foto do meu pai”.

E a ilustração acabou sendo essa fantástica silhueta do Rei.

Pele

R.I.P. Jornalismo

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Não é questão de ser ou não saudosista, o problema é que no começo da minha carreira os jornalistas não misturavam ideologia com notícia.

Sou do tempo em que as redações já viviam contaminadas por gente da esquerda, mas – naquela época – poucos distorciam os fatos. Às vezes, mesmo contrariados, todos seguiam a santa regra da nossa profissão de que os dois lados precisam ser ouvidos.

Há poucos dias, a maior parte da nossa imprensa resolveu ignorar o sucesso do ministro Paulo Guedes (foto) em Davos, como se fosse um time do PT jogando contra um time do Bolsonaro. Que tristeza.

PauloGuedes

Alguns jornalistas da minha época passaram anos não questionando nada. Veteranos pouco se importaram com a morte do prefeito Celso Daniel, mas muitos agora ficam perguntando quem mandou matar a Marielle.

Não interessa se o jornalista simpatiza com este ou aquele partido. Ele não tem o direito de distorcer ou ignorar a verdade. O pior é quando o infeliz recebe favores ou dinheiro em troca de posições ou do seu silêncio.

Conheci meia dúzia desses infelizes e sinto vergonha de ter trabalhado com eles.

Torço para que surja logo uma nova geração capaz de ocupar o lugar desse jornalismo que – infelizmente – ficou ultrapassado e que – felizmente – está morrendo.