Sem categoria
Boletim da UTI: Dunga respira.
Com a convocação do Ganso, corrigindo aquele erro famoso na Copa da África do Sul, talvez o Dunga não faça um papelão tão grande na Copa América e consiga continuar sonhando em ser o técnico da medalha de ouro na Olimpíada do Rio.
Depois do futebol ruim no amistoso contra o Panamá e de tantos cortes que estão atormentando a cabeça do técnico, a chegada do Ganso chega a ser uma luz no fim do túnel. Ninguém sabe quando ele entrará no time, mas o importante é o sãopaulino estar lá para ajudar a Seleção a passar, pelo menos, para a fase seguinte do torneio.
Importante também é saber que o Kaká (dispensado) não jogará neste sábado contra o Equador. Em Denver, o ex-melhor do mundo e hoje estrela do Orlando City parecia estar num jogo de solteiros e casados. Sem reflexos, ele foi patético em algumas jogadas.
Seria a mesma coisa se outros países chamassem para a Eurocopa o italiano Pirlo, o espanhol Villa e o inglês Lampard, veteranos que disputam o campeonato americano. Os três jogam no New York City que perdeu recentemente para o New York Red Bulls por 7 a 0.
Agora, com os reforços do Casemiro e do Filipe Luís, o técnico Dunga terá como opção o toque de bola refinado do Ganso, que pode dar mais qualidade ao nosso meio de campo. Nesse setor sagrado da Seleção, Luiz Gustavo (dispensado), Elias e Renato Augusto não meteram medo nem no time panamenho.
A casa da Maria Joana
Bem na véspera da Olimpíada do Rio chega a notícia de que 74 profissionais dos exames antidoping não recebem desde setembro do ano passado. Os pagamentos são de responsabilidade de uma entidade criada com um nome que mais parece provocação: ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem).
Nosso esporte é realmente a Casa da Maria Joana. Para quem não sabe, essa expressão foi criada na Idade Média pelos portugueses depois que rainha Joana I regulamentou um bordel onde ela vivia no meio de prostitutas. Significa o lugar em que cada um faz o que quer. Alguma semelhança com o esporte brasileiro?
Agora o assunto é a nossa Copa do Mundo. Descobriram que um comitê não repassou verbas para o pagamento de 17 empresas que organizaram eventos em 2014. A gerente do chamado COL era a Larissa Nuzman, filha do Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Organizador da Olimpíada. E vocês imaginam quem foi um dos presidentes do COL? José Maria Marin, preso nos Estados Unidos.
Alguém consegue adivinhar quem era a diretoria executiva do COL? Joana Havelange, neta do presidente eterno da FIFA e filha do sempre acusado Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e do COL.
Mais uma chance: quem substituiu o presidente Marin no COL e também está sendo investigado na CPI do Futebol? Essa é fácil: Marco Polo Del Nero, o presidente da CBF que nunca viaja com a Seleção com medo de ser preso.
Chega!
Eu tento não ser saudosista
Às vezes eu sinto saudade do tempo em que turbinar alguma coisa nada tinha a ver com peito de mulher e que a palavra transparência tinha outro significado.
Sinto falta das poesias do Vinícius de Moraes, obras-primas que deram lugar às letras do Kenye West, o rapper mais premiado da história do Grammy e que tem um cérebro dez vezes menor do que a bunda da mulher.
Tenho saudade do tempo em que provedor era o responsável por um hospital, que hospedagem tinha relação com hotel e que o navegador se aventurava no mar.
Nada contra a internet, ao contrário, acho que ela é a maior invenção do século 20, mas não concordo muito com a apropriação das palavras. Entrem no Google e digitem navegador. Vocês vão descobrir que Cristovão Colombo não existiu.
Enfim, mesmo que eu tente evitar, às vezes sou obrigado a pensar no passado. E aí eu acabo ficando ainda mais triste ao sentir saudade de quando o meu Palmeiras tinha um grande time de futebol.

Impeachment do Haddad? Não, internação.
Eu pensava que o presidente do Palmeiras é quem gastava mal e errado, mas cheguei à conclusão de que ele é fichinha perto do prefeito de São Paulo.
Se o Paulo Nobre colocou tanto dinheiro do bolso e não conseguiu montar um grande time, no mesmo período de tempo o Fernando Haddad extrapolou: usou a arrecadação da maior cidade do país para não cumprir as suas metas e ainda gastou boa parte do dinheiro em bobagens.
Vou citar um dos absurdos. A malha de ciclovias cresceu de quase 65 para mais de 400 km. Pra quê? Se a capital paulista fosse plana como Santos ou Rio de Janeiro, tudo bem, mas a nossa cidade é montanhosa e ninguém consegue subir algumas montanhas russas.

Que se danem as pesquisas dirigidas e encomendadas pela prefeitura para justificar o dinheiro que deveria estar sendo gasto em escolas, merendas, creches e hospitais. Basta ficar parado na frente da maioria das ciclovias para constatar o óbvio: não existem ciclistas.
O mais grave: as ciclovias do Haddad custaram cinco vezes mais do que as de Paris. Só a da Faria Lima teve orçamento de 68 milhões de reais.
Só internando esse maledetto que não governa para a maioria.
Se a Williams errar de novo em Monte Carlo eu desisto
Primeiro, quero deixar claro que não sou um especialista em automobilismo. Tive contato com esse esporte em Interlagos nas coberturas que fiz para a Folha de S. Paulo e o Jornal da Tarde, mas a minha carreira depois acabou tomando outro rumo. Mesmo assim, eu nunca deixei de assistir a uma corrida de F-1.
Vi pela televisão o segundo mundial do Émerson e, anos depois, os seis extraordinários títulos do Piquet e do Senna, até começar o calvário de ficar torcendo pelo Barrichello e pelo Massa.
Como a Fórmula-1 também não me abandona, vejam na foto o boné do meu neto com a assinatura do Felipe Massa. O autógrafo foi dado na semana passada, em Barcelona, no hotel em que a equipe da Williams se hospedou. Depois do jantar, o Massa, seu filho Felipinho, meu neto Benjamin e seu amiguinho Ricardo jogaram futebol no salão do restaurante. Quebraram até um vidro.

Aonde eu quero chegar? Explico: isso aconteceu logo após o treino oficial para o GP da Espanha em que a equ
ipe calculou mal a saída dos boxes e o Massa, sem abrir a volta, no dia seguinte teve de largar em 18º lugar. Nem assim ele deixou de ser gentil com todo mundo, deu o autógrafo e fez questão de brincar com as crianças.
Olha que o Massa tinha motivos para estar nervoso. Ele já sofreu demais com seus momentos de pouca sorte. O mais famoso foi o de 2008, em Cingapura, onde o título começou a escapar quando a equipe da Ferrari deixou a mangueira presa no carro. Teve também o momento de 2009, na Hungria, quando a maldita mola soltou do carro do Rubinho (que ironia!). E, para completar, nas duas últimas temporadas os erros de estratégia na Williams foram primários.
Que neste final de semana, nos treinos e na corrida, a equipe da Williams não faça bobagens no GP de Mônaco. O Massa é um grande piloto, muito rápido, boa gente e não merece ser prejudicado por tantos erros.
A maldição dos 7 a 1
O número elevado de brasileiros eliminados na Champions League está diretamente ligado aos integrantes daquele time maledetto que perdeu para os alemães. E, aqui pra nós, nem os dirigentes e técnicos estrangeiros aprenderam a lição do Mineiraço.

Relembrando: Júlio César, machucado, não jogou na derrota do Benfica para o Bayern. Maxwell, Thiago Silva e David Luiz caíram com o PSG, Dante e Luiz Gustavo com o Wolfsburg, Oscar e Willian com o Chelsea, Daniel Alves e Neymar com o Barça e Fernandinho, do City, se despediu na semifinal.
O único que está escapando da maldição: o lateral Marcelo do Real Madrid.
E cadê os outros que em 2014 foram convocados pelo Felipão? Jefferson está no Botafogo, Victor no Atlético Mineiro, Hernanes na Juventus, Henrique e Fred no Fluminense, Paulinho, Jô e Ramirez no futebol chinês e Bernard na Ucrânia.
Preciso escrever mais alguma coisa?
Tristeza no Bar do Seu Nelson
Perto aqui de casa, no bairro da Mooca, tradicional reduto de imigrantes italianos, existe um local onde os torcedores palmeirenses se reúnem em dias de jogos. É o Bar do Seu Nelson.
O local não é grande e fica ainda menor quando o Palmeiras joga. Muita gente se amontoa na calçada tentando ver as imagens num dos aparelhos de tevê.
Neste sábado, como em tantos outros, a galera palmeirense saiu triste do bar. E saiu com uma sensação de impotência. É difícil ficar torcendo por milagres do menino Jesus nesse time ainda desarrumado e que custa a se acertar.
Ficou claro que o Palmeiras não sabe contratar. Para enfrentar a Ponte Preta, o técnico Cuca colocou em campo 11 jogadores e outros 12 no banco de reservas. Mais de 10 continuam treinando no CT, sem contar os 26 emprestados até o final do ano.
Tomara eu esteja errado, mas acho suicídio financeiro o presidente ficar emprestando tanto dinheiro para o clube montar o seu elenco. O Paulo Nobre receberá de volta os seus milhões, mas o Palmeiras passará anos pagando o prejuízo por ter comprado de maneira errada mais de 70 jogadores nos últimos três anos.
O palmeirense Osmar Santos
Quem nasceu nos anos 90 e hoje tem 20 e poucos anos não faz ideia de quem foi Osmar Santos. O Pai da Matéria, como era chamado, foi um dos maiores narradores esportivos nas décadas de 70, 80 e 90, até sofrer um grave acidente de carro em 1994.
Ele foi também um divisor de águas no jornalismo esportivo. Na época, o cronista era considerado um alienado e, depois do Osmar, a categoria passou a ser respeitada a partir do momento em que o Pai da Matéria se transformou na Voz das Diretas. Era ele quem comandava os comícios do movimento que levou às ruas milhões de pessoas no começo da nossa atual democracia.

No dia-a-dia, o Osmar sempre dizia que era torcedor do Marília, cidade onde começou a sua carreira. Mas pouca gente sabe que ele era um grande palmeirense. Um dia, a mãe dele, Dona Clarice, contou que na infância o filho gostava de fazer duas coisas: andar a cavalo e levar no estádio a bandeira do Palmeiras.
Eu convivi muito tempo com o Pai da Matéria. Lembro da primeira transmissão em que trabalhamos juntos na então Rádio Nacional, mais tarde Rádio Globo. Foi na famosa decisão de 1977, Corinthians e Ponte Preta. A mesma Ponte que o Palmeiras vai enfrentar neste sábado, com toda a torcida do hoje artista plástico e querido Osmar Santos.
Família palestrina

Muita gente pergunta qual é o significado do meu sobrenome. Eu sempre conto que os meus antepassados são da cidade de Lavello, província de Potenza, sul da Itália, e que aqui no Brasil, quando o meu pai foi registrado, o maledetto do escrivão escreveu Scatamacchia com um c só.
Para que todos entendam melhor eu explico que na época dos meus antepassados, no século 19, as pessoas não tinham sobrenome. Isso era privilégio dos nobres, coisa de gente rica. Quem chegava nos lugarejos e perguntava por um Antonio ouvia respostas do tipo “O Antonio tintureiro? Mora alí”.

E o que tem a ver tintureiro com Scatamacchia? Demorei um bom tempo para descobrir que em italiano scata quer dizer tira e que macchia significa mancha, ou seja, o Antonio, pai do meu tataravô, era um tira-mancha.
O meu avô Antonio chegou da Itália em 1895 como aprendiz de sapateiro e logo abriu a sua sapataria na Avenida São João. Mais tarde, na Bela Vista, em 1914, quando o Palestra Itália tinha 10 anos, ele fundou a Calçados Scatamacchia.
Foi num sobrado na frente da fábrica de sapatos que o ponta-direita Ministrinho, o primeiro jogador brasileiro a ser vendido para o Exterior, jogava pingue-pongue com o meu pai e comia a macarronada da minha avó Assumpta horas antes de defender o Palestra no recém-inaugurado Pacaembu.
A família Scatamacchia já era palestrina desde a fundação do clube, mas a convivência com o Ministrinho fez com que todos se apaixonassem ainda mais pelo Palestra Itália e pelo meu Palmeiras. Um amor antigo.
Brinquedinho do Presidente
Começar o Brasileiro com goleada e liderança é gostoso, mas o palmeirense que tem bom senso sabe das consequências desastrosas se o presidente não parar com essa sua mania de colocar dinheiro no clube.
Não conheço o Paulo Nobre, mas sei por amigos que ele é um homem honesto e cheio de boas intenções. O que preocupa é saber que esse palmeirense cheio do dinheiro está brincando de ser presidente.
Imaginem um menino riquinho indo na banca de jornal para comprar figurinhas. Se ele exagerar no número de envelopes ficará com um monte de figurinhas repetidas. Paciência. Depois ele vai e troca.
No Palmeiras está acontecendo isso. Na ânsia de conseguir figurinhas carimbadas, o presidente colocou no clube 100 milhões de reais, comprou 70 jogadores e agora está começando a fazer as trocas.
Como o Palmeiras devolverá em 15 anos tudo o que recebeu, com juros de mercado, não é preciso chamar um economista para explicar que esse dinheirão não voltará mais para os cofres do clube porque o investimento inicial nunca será recuperado.
Ou seja, o Palmeiras passará décadas para se recuperar do prejuízo.
- ← Anterior
- 1
- …
- 44
- 45
- 46
- Próximo →