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O juiz que deu socos e tiros no vestiário.

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Quando eu vi o pênalti do Mina não ser marcado para o Sport e o impedimento do Guerrero no gol de empate do Flamengo lembrei dos meus tempos de repórter, quando as arbitragens eram bem melhores do que hoje. Eu mesmo entrevistei uma dezena de juízes tecnicamente perfeitos, um deles, Dulcídio Wanderley Boschilia.

screen-shot-2016-10-24-at-11-19-29O policial Dulcídio começou apitando numa casa de detenção onde os jogos eram disputados por detentos que ele mesmo tinha prendido. Por isso, talvez ele nunca tenha sentido medo dentro de campo.

Anos depois, na cidade paulista de Penápolis, a torcida tentou invadir o vestiário e ele não teve dúvida: abriu a mochila, pegou o seu 38, deu três tiros para cima e foi embora.

Em outro jogo, também no interior paulista, a briga foi feia com alguns torcedores que apareceram bravos no vestiário. O invasor que mais apanhou deu queixa na polícia e, antes de seguir para o depoimento, Dulcídio foi até o banheiro, abriu a camisa e raspou o corpo com uma tampinha de cerveja. Na delegacia, mostrou o peito com sangue e disse: “Delegado, eu precisava me defender”.

Em 1977, o Alemão, como ele era chamado, virou notícia ao expulsar o centroavante da Ponte Preta, Rui Rei, na decisão do campeonato paulista. Segundo as más línguas, isso teria ajudado o Corinthians a conquistar o título depois de 23 anos.

Não vou defender as atitudes violentas e nem ousaria dizer que ele não errava, mas de uma coisa eu tenho certeza: o Dulcídio não teria medo de marcar o pênalti do Mina ou o impedimento do Guerrero, mesmo que os lances estivessem prejudicando Palmeiras e Flamengo.

O novo Neymar é mérito da cotovelada ou do Tite?

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No jogo do Barcelona contra o Manchester City, pela Champions League, o argentino Messi extrapolou ao marcar três gols e liquidar com o time do Guardiola. E quem assistiu ao jogo também gostou de ver um Neymar diferente. Ele apanhou muito, mas não se irritou. Não ficou nervoso nem depois de perder o pênalti, tanto que na jogada seguinte partiu para cima da defesa inglesa e marcou um golaço.

Tudo indica que essa mudança de comportamento começou há quinze dias no intervalo do jogo com a Bolívia, quando o Tite disse ao Neymar – num tom mais firme – que ele precisava parar de reclamar em campo. No segundo tempo, ninguém entendeu quando o nosso maior craque recebeu aquela cotovelada no rosto e ficou calmo.

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No final do jogo, o recado do Tite foi ainda mais direto quando ele declarou que é inadmissível um atacante ficar tantas vezes suspenso, ou seja, fora de quatro dos últimos dez jogos da seleção brasileira.

Tite tem razão. Em 126 partidas, desde 2014, Neymar recebeu 28 cartões amarelos e um vermelho. Na elite do futebol mundial ele é o primeiro colocado, seguido de perto pelo uruguaio Suárez com seus 23 amarelos e suas três mordidas.

O grande teste para o novo Neymar acontecerá nas Eliminatórias, em novembro, quando o Brasil receberá a Argentina no Mineirão dos 7 a 1. Uma partida de vida ou morte para os hermanos, que certamente distribuirão empurrões, pontapés e cotoveladas. Torço para que as recomendações do Tite tenham surtido efeito.

E tomara que o Neymar deixe o lateral argentino Zabaleta meio grogue, como aconteceu no Camp Nou no meio da semana.

Se for preciso, o STJD vai ouvir o cachorro do PM.

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Se o nosso Supremo não é lá essas coisas, com um ex-presidente que rasgou a Constituição no episódio do impeachment e com um juiz que nem passou no exame da OAB, imagine o STJD que julgará o pedido do Fluminense de anulação do seu jogo com o Flamengo.

O presidente do STJD, Ronaldo Piacenti, aceitou o pedido do Fluminense e abriu um precedente perigoso, tanto que o Figueirense também pediu a impugnação do seu jogo contra o Palmeiras.

Vamos tentar descobrir, juntos, o que pode acontecer em relação ao Fla-Flu, lembrando que a CBF não é uma instituição séria e que o presidente Marco Polo Del Nero é quem custeia as despesas do STJD.

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O presidente do STJD deu dois dias para o Flamengo apresentar a defesa e dois dias para a Procuradoria se pronunciar. A partir daí será sorteado o relator do processo. Em seguida, teremos os depoimentos do árbitro Sandro Meira Ricci, do auxiliar que deu o impedimento e depois voltou atrás duas vezes, do delegado do jogo e do inspetor que a Globo mostrou dizendo “a tevê já sabe”.

Mesmo em sessão extraordinária, o julgamento poderá demorar, com tempo de o STJD saber se os pontos serão necessários para o Flamengo chegar ao título ou se o Fluminense precisará deles para entrar no G6. Se isso acontecer, serão ouvidos os policiais que estavam na rodinha, gandulas e, quem sabe, o pastor alemão do PM.

A ironia é que o Fluminense entrou com o pedido de impugnação ás 19 horas de segunda-feira, duas horas antes de o Gum fazer a lambança que tirou três pontos do seu time contra o São Paulo.

E não é que a tática do Paulo Nobre deu certo?

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A ameaça do ninguém vai levar na mão grande, feita pelo Paulo Nobre depois do Fla-Flu, ainda vai render bastante nesta reta final do Brasileiro. Agora, depois dos lances polêmicos na vitória do Palmeiras sobre o Figueirense, quem esbravejou e fez mil ironias foi o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello.

Eu critiquei bastante a atitude do presidente do Palmeiras ao escrever que ele não deveria ter insinuado ajuda ao Flamengo no episódio do gol anulado do Fluminense. Achei que ele tinha errado e que iria constranger as arbitragens nos próximos jogos do seu time.

Não foi isso o que aconteceu em Santa Catarina. O juiz Igor Benevenuto errou em lances capitais, todos a favor do Palmeiras: o pênalti dado em cima do Gabriel Jesus, o pênalti não marcado no Rafael Silva (na foto dá para ver a falta do Egídio dentro da área) e a bola fora de campo no lance que originou o segundo gol palmeirense.

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Os problemas de arbitragem pipocam pelo Brasil. No Rio, o presidente do Atlético Mineiro saiu criticando o juiz por causa de lances que originaram dois gols do Botafogo. Na Ilha do Retiro, no jogo Sport e Vitória, o juiz demorou um minuto para trocar um escanteio por um pênalti, dando a impressão de que alguém falou alguma coisa no seu ponto. No Atletiba, a bola parece ter saído pela linha de fundo antes do primeiro gol do Atlético Paranaense.

Enfim, as últimas rodadas prometem ser as mais complicadas da história do Brasileirão. Como o campeonato segue à deriva, com as omissões da Comissão de Arbitragem e do presidente da CBF, instalou-se um clima de vale tudo, de pressão e de guerra. Só espero que a gente não sinta o cheirinho de mão grande.

Em boca fechada não entra mosca.

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No último Fla-Flu, jogo em que o juiz e o bandeirinha anteciparam o sistema da FIFA do uso da imagem, a decisão de anular o gol do Fluminense fez o presidente do Palmeiras dizer “Ninguém vai levar na mão grande”. Paulo Nobre perdeu a grande chance de ficar calado.

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O Nobre precisa entender que no Fla-Flu – salvo o uso irregular da imagem da televisão – o juiz Sandro Meira Ricci acabou acertando ao anular o gol do Fluminense. Se ele tivesse validado o gol iam dizer que o Palmeiras estava sendo protegido.

Todo mundo sabe que Palmeiras e Flamengo estão brigados desde o último jogo entre os dois, mas sair batendo desse jeito não foi boa ideia porque a declaração pode provocar situações constrangedoras e perigosas nas arbitragens, inclusive nos jogos do Atlético Mineiro.

E mais: o Palmeiras não tem histórico muito bom quando reclama da arbitragem. Em 2009, na reta final do Brasileiro, o presidente Belluzo criou a maior confusão quando o juiz Carlos Eugênio Simon anulou um gol num jogo com o Fluminense. O time palmeirense acabou não se classificando para a Libertadores e o Flamengo foi hexacampeão.

O leitor pode estar perguntando: mas o Marco Polo Del Nero não é palmeirense? Pode até ser, mas agora o presidente da CBF não ajudaria nem o Íbis.  No momento, a sua preocupação é o FBI.

Saudade de Velho Chico? Não. Saudade do Velho Boni.

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Primeiro, quero deixar claro que eu não tenho a pretensão de ser colunista de tevê e que nunca fui muito fã de novela, principalmente quando o enredo é mais pesado, meio melancólico, tipo Velho Chico. Eu gosto das novelas divertidas ou aquelas que mostram fatos que aconteceram, mesmo que sejam romanceados ou fantasiados.

Mas isso não vem ao caso. A minha revolta é com a falta de respeito por parte da dramaturgia da TV Globo.

Comecei a ver Haja Coração justamente porque o remake de Sassaricando é no estilo pastelão. Aí eu percebi o desrespeito. Nos intervalos comerciais começaram a aparecer chamadas do Supermax em que a Mariana Ximenes e a Cléo Pires são protagonistas.

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Não consigo entender. A TV Globo tem um elenco invejável, mas obriga o telespectador a misturar personagens, ou seja, as divertidas Tancinha e Tamara de Haja Coração acabaram confinadas num reality assustador.

Em 2014, num almoço com Carlos Henrique Schroder, o chefão da Globo, eu comentei um desrespeito parecido, ou seja, os mesmos artistas estavam no Vale a Pena Ver de Novo e na novela das 8. Ele me deu razão e explicou que fizeram uma alteração na classificação etária da novela reprisada e que não houve tempo para mudanças.

Tudo bem, eu quase concordei com Schroder. Mas agora não vejo motivo para misturar personagens. A novela das 7 já está classificada e Supermax entra bem mais tarde. O problema é que o descaso da Globo faz com que a gente fique sempre com um pé atrás em relação ao futuro da nossa teledramaturgia.

O mestre Boni faz muita falta.

Quem tem telhado de vidro não joga pedra no vizinho.

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Além de pensar no dinheiro dos novos contratos com as televisões, a medida da Conmebol em aumentar o número de participantes na Libertadores também visou o lado político da entidade, bastante enfraquecido depois das prisões de três dirigentes.

A CBF foi premiada com duas vagas e nunca poderia ter aplicado o G6 na 29ª rodada do Brasileiro. A alegação do final de campeonato emocionante é absurda perto da injustiça cometida com os times da zona de rebaixamento e com os que estão tentando escapar dela.

Desde que eu me conheço por jornalista esportivo, aprendi que não se muda a regra durante a competição.

Por não terem chance de entrar no antigo G4, alguns dos adversários dos ameaçados já estavam desanimados na chamada zona do conforto. Agora, com o G6, o meio da tabela ganhou esperança e – repito – os ameaçados foram prejudicados.

screen-shot-2016-10-12-at-12-33-45O certo seria a CBF exigir que a mudança passasse a vigorar em 2018, mas o Marco Polo Del Nero não pode brigar com o novo presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Domínguez que foi o braço direito do ex-presidente Juan Ángel Napout, outro paraguaio que está detido nos EUA por corrupção.

Esses amigos do J. Hawilla e do Marin são perigosos para o presidente Del Nero, que tem telhado de vidro parecido com o deles.

Cuidado Neymar. Soberba é um dos sete pecados capitais.

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screen-shot-2016-10-10-at-10-26-56Neymar é craque? Claro que é. Desequilibra uma partida? Lógico que desequilibra. Está sendo importante na seleção do Tite? Importante demais. Fará falta contra a Venezuela? Muita falta.

Então o que interessa se ele anda ou não mal humorado?

Interessa porque estamos correndo o risco de o nosso único craque se transformar num jogador detestado dentro e fora do campo.

Por ser brincalhão, Neymar ainda conserva grandes amigos na Seleção e no Barcelona, mas dentro de campo está se transformando num jogador às vezes insuportável. Seu futebol continua exuberante, mas o desrespeito aos juízes e adversários chegou ao ponto de um humilde atacante boliviano declarar: “Para ser o melhor do mundo, Neymar precisa deixar de lado a sua soberba”.

Eu sempre arrumei mil explicações para os comportamentos do nosso craque, desculpando firulas desnecessárias, provocações e xingamentos. Tudo em função do seu futebol maravilhoso e com a desculpa de que ele ainda é muito jovem. Mas agora chega. A frase do boliviano Duk acendeu o alerta. Li no Google que soberba é associada ao orgulho excessivo, arrogância e vaidade. Tenho receio que o Neymar esteja contaminado por tudo isso.

O eterno craque Tostão acaba de declarar ao jornal espanhol El Pais que o Neymar deixará para trás Ronaldo, Rivaldo e Romário, e que até a Copa da Rússia ele se transformará no maior jogador brasileiro depois do Pelé. Acho que isso pode acontecer e tomara que ele ajude o Brasil a ser campeão do mundo em 2018, mas não sei se a profecia será confirmada se o Neymar continuar mascarado. O Fenômeno e o Rivaldo nem sabiam o que era soberba. O Baixinho? Era só invocado.

Alguém pode imaginar o Bonner falando douze?

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Antes de aparecerem os chatos de plantão eu lembro que nos anos em que trabalhei no Domingão do Faustão fiz grandes amigos no Rio de Janeiro, mesmo aturando alguns cariocas cheios de esses, de xis e os que usam o estapafúrdio douze quando se referem ao número 12.

Eu me sinto à vontade para escrever sobre isso porque durante muito tempo fui alvo das brincadeiras. Eles me zoavam bastante com a história de os paulistas falarem porrrta, um chopps e dois pastel.

screen-shot-2016-10-07-at-10-42-11Existem rivalidades, é claro, e até palavras diferentes, como o totó carioca e o pebolim paulista, mas ninguém no Rio discute o fato de São Paulo ser a locomotiva em quase todas as atividades. Na televisão, a TV Globo carioca está recheada de paulistas famosos como Faustão, Bonner, Tony Ramos, Luciano Huck, Tarcísio Meira e tantos outros. O saudoso Domingos Montagner era paulistano. Até o Boni, mestre de todos, é paulista.

No futebol, Rio e São Paulo sempre dividiram o espaço com muito respeito. Exemplo: mesmo com as participações do Vasco, em 1951 e em 2000 o torcedor carioca festejou no Maracanã lotado os mundiais do Palmeiras e do Corinthians. E também fez muita festa em 1962, quando o Santos foi bicampeão mundial no Rio.

Outro exemplo: o Flamengo adora o nosso velho Pacaembu. Recentemente, contra Fluminense e Figueirense, mais de 30 mil pessoas mostraram que o time carioca é querido em São Paulo. E agora, ainda sem o Maracanã, a diretoria flamenguista não teve dúvida e confirmou o jogo deste domingo no Pacaembu.

Estamos esperando de braços abertos. Aqui, o Flamengo também joga com 11 e mais a torcida, isto é, com douze em campo.

Corinthians caiu no conto do vigário.

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O Itaquerão foi usado na Copa, na Olimpíada, é uma arena moderna, de nível internacional, padrão FIFA, enfim, a realização do sonho corintiano. Só que esse sonho pode virar um grande pesadelo.

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Foto: Divulgação

Relembrando. O estádio foi concebido pelo ex-presidente do clube e hoje deputado do PT, Andrés Sanchez, com a ajuda do ex-presidente Lula, que por sua vez deu um jeito de incluir a Odebrecht na obra. Resumindo, a arena foi construída por um bando de gente famosa.

Inicialmente, o Itaquerão ia custar R$ 820 milhões. Um ano depois esse valor foi corrigido para R$ 1 bilhão e hoje, segundo uma planilha da Odebrecht, o custo chegou a R$ 1,6 bilhão.

No meio de tantas dívidas e juros, o empréstimo junto ao BNDES precisa ser quitado em até 12 anos, em suaves prestações mensais de R$ 5 milhões. Com a diminuição do público nos jogos do Corinthians, a encrenca ficou maior porque as prestações não estão sendo pagas, obrigando o clube a negociar um prazo maior.

Ao contrário do Palmeiras, que é dono das suas rendas e tomará posse em definitivo do Allianz Parque daqui a 25 anos, sem colocar nenhum centavo, o Corinthians mergulhou em dívidas por causa de dois ex-presidentes que quiseram passar todo mundo para trás.

Que absurdo! Sem contar com a parte social do clube construída pela WTorre, a arena do Palmeiras custou por volta de 600 milhões, R$ 1 bilhão a menos do que será gasto no Itaquerão.