Sem categoria
Ele foi craque no campo, no banco e no microfone.
Não fui seu amigo, nunca soube nada da sua vida pessoal – a não ser o amor pelas corridas de cavalo – e só conversei com o Mário Sérgio uma vez. Foi durante um almoço, em 1993. Tempo suficiente para perceber que eu estava diante de uma pessoa polêmica e especial.

Na época, o comentarista do canal Fox Sports morto nessa tragédia na Colômbia era técnico do Corinthians e eu estava começando a trabalhar na TV Bandeirantes.
O Rei do Gatilho, apelido dado pelo narrador Osmar Santos depois dos tiros que o Mário deu para assustar torcedores quando jogava pelo São Paulo, disse no almoço que a sua maior alegria tinha sido o mundial com o Grêmio, em 1983. Dez anos antes ele tinha sido contratado só para esse jogo em Tóquio, contra o Hamburgo.
A comoção pela tragédia acaba nivelando as emoções quando a gente pensa que no avião do Chapecoense estavam jogadores, comissão técnica, dirigentes, jornalistas e tanta gente de retaguarda. Por isso, neste momento, fica difícil explicar para os mais jovens que o Mário Sérgio foi um dos grandes craques do futebol brasileiro.
Na sua carreira ele conseguiu a façanha de ser adorado ao mesmo tempo por torcedores do Grêmio e do Internacional. Ganhou títulos e também foi ídolo em times como Vitória, São Paulo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras. Só não esteve na Copa de 82 porque o técnico Telê Santana tinha medo de quem tinha personalidade forte.
Através da lembrança desse almoço eu faço a minha homenagem ao Mário Sérgio Pontes de Paiva e a todos que morreram na tragédia que tanto nos entristece.
Festa no chiqueiro e velório em Brasília.
Eu ia escrever sobre o título do Palmeiras, sobre Gabriel Jesus, sobre a justa homenagem ao Fernando Prass e sobre o foguetório que a torcida palmeirense promoveu durante horas, mas a imagem do porquinho me fez associar a lama do chiqueiro à crise brasileira.
Com tristeza, lembrei dos nossos três Poderes quase falidos num Brasil desgovernado onde o Judiciário julga segundo seus interesses, o Legislativo legisla em causa própria e o Executivo só faz política e não executa nada.
Claro que existem exceções, mas é desolador ver um ministro do Supremo rasgar a constituição para salvar os direitos políticos da “presidenta” incompetente, acompanhar os deputados e senadores discutindo leis que podem livrá-los da Lava Jato, torcer pela prisão do Lula corrupto e ainda ter de reconhecer que o presidente empossado é mesmo um golpista.
Longe de defender a ex-presidente Dilma, pensei nos dois anos em que o Temer ficou preparando o impeachment e boicotando com o seu PMDB todos os projetos do governo. Ele também tem sua parcela de culpa no estado deplorável em que o Brasil se encontra.
O que mais me deixou abismado foi a atitude do presidente ao apoiar a ideia de um órgão vinculado ao Ministério da Cultura liberar o projeto imobiliário onde o seu então ministro Geddel Vieira Lima comprou um apartamentozinho de R$ 2,6 milhões.
Não adianta. A corrupção está generalizada. Tem gente que diz “mas o Suplicy é honesto”. Eu até acredito, mas talvez ele seja só um bobalhão que ganha 26 mil reais de aposentadoria e mais 30 mil reais de serviços prestados à prefeitura do PT que ele tanto defende.
Parabéns, Palmeiras.
O técnico vitorioso foi demitido. Ele desaprendeu?
Não morro de amores pelo técnico Marcelo Oliveira. Acho que ele é bonzinho demais, nunca se impõe e vive sempre inseguro por não acompanhar a evolução do futebol. Mesmo assim, não concordo com a sua demissão no Atlético Mineiro.
Se não estava satisfeito, o presidente Daniel Nepomuceno devia ter dispensado o técnico no meio da temporada, não na véspera da decisão. Ele fez o que os dirigentes covardes fazem quando não reconhecem os seus erros, ou seja, elegem um culpado.
Claro que Atlético pode reverter o resultado na arena do Grêmio, mas se isso acontecer não será por causa da saída do técnico que, quer queiram ou não, ganhou muitos títulos nos últimos anos.
Conheci o Marcelo Oliveira em 1975, quando eu estava cobrindo os Jogos Pan-americanos do México pelo Jornal da Tarde. Ele tinha 20 anos e marcou dois gols na goleada de 14 a 0 sobre a Nicaragua.
O meia Marcelo não jogou contra o México na partida final que não terminou no Estádio Azteca por falta de luz. O jogo estava 1 a 1 e a medalha de ouro acabou sendo dividida. Lembro que, já naquela época, o supervisor da seleção, Osvaldo Brandão, dizia que o mineiro Marcelo era meio quieto e não “demarcava o seu território”.
Naquele Pan o Brasil teve jogadores que depois se consagraram, como o goleiro Carlos, Edinho, Cláudio Adão e Batista. O Marcelo (na foto o sexto da esquerda para a direita) na época jogava no Atlético Mineiro e, por isso, deveria ter sido tratado com mais respeito.

Palmeirense, imagine torcer com alguém na TV se esgoelando.
Neste domingo, o Palmeiras entra em campo tentando sacramentar o seu título e, na semana que vem, deve retomar as negociações com o Esporte Interativo, que ofereceu R$ 100 milhões de luvas para transmitir com exclusividade os jogos no Brasileiro a partir de 2019.
A emissora tem por trás a Turner, gigante da comunicação mundial, por isso a oferta é alta e chamou a atenção do Palmeiras, que usaria esse dinheiro para quitar parte da dívida com o presidente Paulo Nobre e para reforçar o time na Libertadores.
Insatisfeito com o tratamento que vinha recebendo, o Santos foi o primeiro time grande a romper com a Globo/SporTV. Recebeu R$ 40 milhões de adiantamento e assinou com o Esporte Interativo um contrato de 2019 a 2023. Se o acerto com o Palmeiras acontecer, a diretoria santista vai pleitear a equiparação no valor das luvas.
A concorrência é sempre saudável e o dinheiro a mais no mercado também é benvindo, mas o lado ruim é que palmeirenses e santistas serão obrigados a aguentar os narradores da emissora gritando o tempo todo, como se estivessem sendo estrangulados.
Essa gritaria pode até ser um novo estilo de transmissão exigido pela Turner, já que todos os narradores se esgoelam o jogo inteiro, mas a empolgação é tamanha que às vezes eu fico com a impressão de que está acontecendo um gol a cada cinco minutos.
Por que será que tem gente tão ignorante?
Não dá para entender como uma pessoa, por menos instrução que ela tenha, seja tão mal educada e faça questão de mostrar tanta ignorância.
O leitor pode estar pensando: mas o nosso povo não foi ensinado a ter educação. Em parte eu concordo e até cito o metrô de São Paulo como exemplo. Ele é relativamente limpo desde a sua inauguração em função de campanhas educativas e de muita fiscalização.
Mas, no geral, o povo brasileiro, com ou sem dinheiro, não tem mesmo educação. E o pior: extrapola quando parte para a zombaria. É assim na política, com tantos acusados na Lava Jato dizendo que não roubaram nada, e é assim no futebol, onde uma das torcidas organizadas do Corinthians entoou “Não é mole não… vocês vão cair como o Fernandão”, referindo-se ao ídolo do Internacional que morreu em 2014 na queda de um helicóptero.
A brincadeira foi de tanto mau gosto que enfureceu os torcedores gaúchos que estavam no Itaquerão e provocou uma onda de protestos nas redes sociais. Até os gremistas, inimigos mortais dos colorados, mostraram solidariedade ao Internacional.
O dicionário nos ensina que, ao agir com ignorância, o indivíduo toma atitudes sem conhecimento e, muitas vezes, de forma involuntária. Por outro lado, o próprio dicionário também define o ignorante como a pessoa que tem um comportamento incivilizado.
Pensando no que aconteceu no Itaquerão eu fico com a segunda definição.
Gabriel Jesus poderá ter Messi ao seu lado.
No mesmo dia em que o Gabriel Jesus saiu de campo comemorando com a torcida palmeirense o quase certo título brasileiro, a notícia estourou como uma bomba no futebol mundial: Messi pode ser contratado pelo Manchester City, o próximo time do menino Jesus.

No último sábado, quem começou a ver Barcelona e Malaga pela tevê sabia que o time catalão não teria Suarez e Iniesta, mas acabou surpreso com a notícia de que o Messi também não jogaria por ter vomitado antes do jogo.
Isso sempre acontece com o argentino, mas desta vez o nervosismo pode ter acontecido por três motivos: os problemas com a Receita espanhola, a pressão do presidente do Barcelona para que ele renove o seu contrato e o interesse do City.
A imprensa inglesa divulgou que o time do técnico Pep Guardiola pensa em oferecer 100 milhões de libras esterlinas (R$ 420 milhões) pelo craque e já separou, até 2021, 200 milhões de libras esterlinas (R$ 840 milhões) para os salários e a multa contratual.
Isso explica a conversa que aconteceu há alguns dias entre o Messi e o presidente do Barcelona. O camisa 10 deu a entender que está pensando em deixar o clube antes de junho de 2018, quando termina o seu contrato. Contrariado, Josep Maria Bartomeu lembrou que existe uma multa de 250 milhões de euros (R$ 900 milhões).
Enquanto o presidente anda telefonando para o pai do jogador, os jornais ingleses especulam que o Guardiola já teria falado com o Messi. Além de ter trabalhado com ele no Barça, o técnico tem a fama de convencer qualquer jogador. Foi assim com o Gabriel Jesus, que descartou todas as ofertas depois de falar com ele pelo telefone.
Os nomes das operações da PF são realmente fantásticos.
Sempre que é questionada, a Polícia Federal se esquiva do assunto, mas eu gostaria de conhecer quem dá os nomes nas operações da Lava Jato. Nessa atividade de extrema confiança, essa pessoa demonstra ter cultura, criatividade e muito bom humor.
Na primeira operação, em 2014, o doleiro Alberto Youssef era suspeito de participar de um esquema que envolvia postos de gasolina que lavavam automóveis, daí o nome Lava Jato. Três anos depois, na prisão do governador Sérgio Cabral, a 37ª operação foi batizada de Calicute, referência à cidade indiana onde Pedro Álvares Cabral sofreu uma derrota depois de descobrir o Brasil.
O nome Catilinárias, escolhido para a busca e apreensão nas residências do Eduardo Cunha, foi inspirado nos quatro discursos do Marco Túlio no ano 63 antes de Cristo. Em um deles, o cônsul romano acusou o senador Catilina de planejar um golpe para derrubar a república romana. Muita coincidência.
Na operação Nessum Dorma, que prendeu um dos donos da Engevix, a famosa ária da ópera de Puccini foi interpretada como um aviso aos corruptos de que eles seriam acordados durante a madrugada. Assim como a Erga omnes foi outro recado nas prisões dos corruptores Marcelo Odebrecht e Otávio de Azevedo, da Andrade Gutierrez. A expressão latina significa vale para todos.

Em março deste ano, a Aletheia (do grego, busca da verdade) causou barulho por envolver o ex-presidente Lula. Na Arquivo X (alusão ao delator Eike Batista) foi a vez do ex-ministro Guido Mantega e, há poucos meses, a PF prendeu o ex-ministro Palocci na operação chamada Omertà, que significa silêncio na máfia napolitana.
Muito bom, não?
A festa continua entalada na garganta.
Com o empate no Independência, a torcida palmeirense continuou ensaiando a sua festa, comemoração que pode acontecer neste domingo, depois do jogo contra o Botafogo, com recorde de renda no Allianz Parque.

Alegria de um lado e preocupação de outro, já que o Palmeiras trabalhou sério para chegar perto do título e a CBF fez tudo errado, ao ponto de continuar perdendo os seus patrocinadores. Agora, a Samsung foi o quinto anunciante a cancelar o seu contrato.
A entidade fica enfraquecida, mas – pasmem – mesmo com tantas denúncias de corrupção ela ainda tem 10 parceiros, um deles a Nike, que escancara a sua marca na camisa da Seleção.
A exemplo dos que saíram, grandes patrocinadores como Itaú, Vivo, Chevrolet e Guaraná Antarctica também deveriam ficar envergonhados de os seus nomes continuarem atrelados a esse esquema corrupto presidido, pela ordem, por Ricardo Teixeira, José Maria Marin e agora Marco Polo Del Nero.
Talvez uma das maneiras de combater a corrupção seja mesmo diminuir o dinheiro da CBF, espécie de Petrobrás do futebol nas últimas décadas. Como aconteceu na política com o corruptor-mor Odebrecht, no futebol deveria haver um jeito de evitar que a entidade continue presenteando os dirigentes das federações com pixulecos ou oxigênio, para usar as palavras da moda.
Se alguém conseguisse diminuir a arrecadação da CBF, cartola sem dinheiro se tornaria o ovo antes da galinha.
O City do Guardiola fez um negócio da China.
Depois de ter sido o maior destaque na vitória sobre o Peru, Gabriel Jesus seguiu direto para Belo Horizonte, onde o Palmeiras tentará nesta quinta-feira vencer o Atlético Mineiro e dar um passo decisivo para a conquista do Brasileiro.
O jatinho particular do presidente Paulo Nobre trouxe o atacante, como já tinha acontecido depois do jogo contra a Colômbia, em Manaus, de onde o menino Jesus voltou para participar do clássico contra o São Paulo.
A presença do atacante no Estádio Independência, mesmo que seja durante meio tempo, acabou se transformando num reforço considerável para o técnico Cuca, que dificilmente contará com os titulares Mina e Zé Roberto.
Jesus acabou também se transformando numa arma importante por causa da pressão que ele exercerá sobre a defesa mineira por estar cheio de moral depois do bom futebol apresentado em Lima. Contra o Peru, ele superou tecnicamente a maioria dos companheiros, inclusive o craque Neymar.
Antes mesmo da medalha olímpica, os empresários ingleses já estavam comentando que o Manchester City tinha investido pouco dinheiro na negociação do atacante palmeirense de 19 anos.
Na compra de Gabriel Jesus, o time do técnico Guardiola gastou 120 milhões de reais, enquanto Arsenal, United, Liverpool e Chelsea pagaram 164, 153, 150 e 142 milhões de reais pelo suíço Xhaka, pelo armênio Mkhitaryan, pelo senegalês Sadio Mané e pelo belga Batshuayi.
Senna também brigou feio com Reginaldo Leme.
Quando terminar o jogo contra o Peru nós assistiremos a mais um capítulo da briga do Neymar com Galvão Bueno, Neto e Milton Neves. O craque certamente não dará entrevista para as emissoras dos seus inimigos.
Depois das críticas recebidas no começo do torneio olímpico, o jogador decidiu não falar mais com os três, que depois foram obrigados a reconhecer o desempenho espetacular do craque nas conquistas da medalha de ouro e na nova fase da seleção brasileira.
Não dá para prever quando essa briga vai terminar, já que o rancor do Neymar parece ser muito grande. O problema é ele achar que não precisa mais da imprensa brasileira. Não sei bem quem tem menos razão, mas não gosto dessa generalização por parte do jogador.
Acho que no episódio de agosto o nosso maior craque deveria ter dado entrevista por ser o capitão, mas não sei se é justo os três comunicadores não levarem em consideração que toda a seleção foi mal e que o Neymar poderia estar nervoso com a sua fraca atuação.
Esse episódio lembra a briga do Ayrton Senna na comemoração do seu bicampeonato. Para espanto de todos que estavam no Japão em 1990, o piloto disse que não ia mais falar com o Reginaldo Leme, na época repórter da TV Globo nas transmissões de F-1.
Reginaldo desconfia que a causa principal da confusão tenha sido a sua amizade com Nélson Piquet, que não poupava ironias em relação à sexualidade do Senna. E, como sempre acontece nesses casos, as consequências foram desastrosas: durante mais de um ano ele não falou com o campeão e nem com o Galvão.