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Dois Palmeiras muito fortes.

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Com o empréstimo do centroavante Willian e a permanência em definitivo do lateral Fabiano, o Verdão ficou com um elenco capaz de disputar Paulista, Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores.

Entre tantas possíveis escalações, o campeão brasileiro poderá jogar com Fernando Prass, Jean, Mina, Vitor Hugo e Zé Roberto; Felipe Melo, Tchê Tchê, Moisés e Guerra (com Michel Bastos disputando posição como meia); Dudu e Willian.

O elenco tem tanta qualidade que daria para montar outro bom time com Jaílson, Fabiano, Thiago Martins, Edu Dracena e Egído; Thiago Silva, Arouca, Raphael Veiga e Roger Guedes (Hyoran briga por posição no meio); Keno e Barrios.

Mesmo sem Pratto e sem Borja, o Palmeiras continua forte no ataque porque qualquer atacante (Willian, Barrios, Alecsandro ou Rafael Marques) será sempre empurrado por um time que vem forte de trás.

Explico melhor: eu vi grandes centroavantes jogarem, como Coutinho, Careca, Romário e Ronaldo, mas acompanhei também atacantes que não eram lá essas coisas e que se destacaram porque suas equipes chegavam na frente com muita qualidade.

O César Maluco, por exemplo, o segundo maior artilheiro da história do Palmeiras, era um centroavante comum. Eu o conheci bem. A maioria dos seus 180 gols aconteceu porque ele sempre foi abastecido pelas estocadas do inteligente meia Leivinha e pelo talento do Divino Ademir da Guia.

Era ou não era o Tony Bennett?

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Enquanto o futebol não volta eu continuo contando as minhas histórias, como a que aconteceu nos anos 80, na Rádio Excelsior, hoje CBN. Eu era o responsável pelo Balancê, na época um programa que fazia sucesso por receber atores lançando peças de teatro, bandas de rock tocando ao vivo e políticos enfrentando a maldita ditadura.

Osmar Santos e Juarez Soares se revezavam na apresentação e o sonoplasta era o fantástico Johnny Black que combinava com o humor escrachado do Nélson Tatá Alexandre e do Carlos Roberto Escova. Mais tarde, os três ficaram ainda mais famosos no Perdidos na Noite do Faustão.

Naquele dia, Juarez Soares anunciou a presença no estúdio do cantor Tony Bennett, que estava no Brasil lançando mais um dos seus LPs. Ele tinha 53 anos (hoje tem 90) e esbanjava vigor e simpatia. Tatá e Escova brincaram bastante com ele e até cantaram juntos o grande sucesso I Left My Heart in San Francisco.

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Quando o programa terminou eu fui almoçar ao lado da rádio e o garçon comentou: “Foi bom, né, seu Edison? Deu até a impressão que o Tony estava no estúdio”. Resumindo: a bagunça foi tanta que as pessoas pensaram que o Tatá e o Escova tinham imitado o cantor.

Está escrito na Wikipédia que o Tony Bennett realizou uma turnê pelo Brasil em 2009 e que, antes disso, só visitou o nosso país no início dos anos 90 para uma apresentação no bairro da Mooca.

Enfim, até hoje ninguém acredita que um dia o monstro sagrado da música mundial esteve no Balancê.

Você conheceu um gênio? Eu conheci três.

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Conversei duas vezes com o Ayrton Senna gênio da velocidade. Fiz dezenas de entrevistas com o Pelé gênio da bola. E convivi quatro anos com o Carlito Maia gênio das ideias.

carlitoConheci o Carlito nos anos 70, durante o jejum de 23 anos do Corinthians sem o título paulista. Na época eu era sócio de uma editora que publicava um jornal dirigido à torcida corintiana e inventei um campeonato em que só times chamados Corinthians podiam participar. Levei a ideia ao Carlito, espécie de relações públicas da TV Globo, e o gênio demorou meio minuto para criar o slogan “O Corinthians vai ser campeão… A Globo garante”.

Naquele tempo não existia internet, por isso eu fui atrás de muita gente para entender o tamanho do Carlito Maia. Eu sabia que nos anos 60 ele tinha criado a Jovem Guarda e o ídolo Roberto Carlos, com as expressões famosas como “Calhambeque” e “É uma brasa, mora”. Mas acabei descobrindo que o gênio sonhava mesmo é com o momento em que o cantor o ajudaria a derrubar a ditadura que tinha torturado a sua irmã.

Quando ficou famoso, Roberto Carlos se negou a passar mensagens e o Carlito, triste, começou a beber. Mesmo assim, continuou lutando e, com a minha ajuda, se aproximou do narrador Osmar Santos, que – para alegria do gênio – se transformou na Voz das Diretas.

Em 1980, com vigor invejável, Carlito ainda participou da fundação do PT. Na época ele criou os slogans “Lula Lá”, “oPTei” e disse uma de suas frases mais lembradas: “Quando a esquerda começa a contar dinheiro, logo converte-se em direita”.

Quando morreu, em 2002, o Carlito já estava bem distante do seu PT. Ao antever o fracasso do partido, o mineiro de Lavras mostrou, mais uma vez, toda a sua genialidade.

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Foi condenado a 271 anos de prisão. Cumpriu 18. Tá bom, né?

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Eu respeito e acho indispensável o trabalho dos advogados nas diversas áreas do nosso dia-a-dia, mas quem convive comigo sabe que eu odeio os que defendem o bandido sabendo que ele é culpado, como no caso do advogado da dupla que matou o ambulante na estação de metrô de São Paulo.

Sei que todo mundo tem direito de defesa, que ninguém defende o crime e que o objetivo é um julgamento justo, mas eu não consigo entender porque o advogado que mente não recebe punição.

Isso me fez lembrar quando eu trabalhava no Domingão do Faustão, em 1999, e apareceu na portaria da Globo uma namoradinha que eu tive aos 15 anos. Ao encontrar a então advogada Maria Elisa Munhol eu levei um susto quando ela disse que defendia o Maníaco do Parque, preso por estuprar e matar uma porção de mulheres.

maniacoCom a maior cara de pau, a minha primeira namorada começou a falar bem do seu cliente e me perguntou se o Faustão teria interesse em entrevistá-lo. Eu disse não e, naquele momento, dei graças a Deus de um dia ter desmanchado o meu namoro.

Em 2002, Maria Elisa tentou convencer o tribunal de que o Francisco de Assis Pereira deveria cumprir pena num manicômio, mas o pedido foi rejeitado e ele acabou sendo condenado a 271 anos de prisão.

O tamanho dessa pena acaba sendo uma brincadeira de mau gosto do nosso código penal porque pouco importa se o criminoso matou 5 ou 50 mulheres. No Brasil ninguém fica preso mais do que 30 anos e, como todos sabem, o condenado é solto por bom comportamento depois de cumprir um terço da pena.

Eles sabem que agora a porca vai torcer o rabo.

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Quando a corrupção do dirigente malandro tem ramificações nos EUA o FBI prende o suspeito com a maior rapidez. Não é como aqui no Brasil, onde é preciso que 70 executivos da Odebrecht façam suas delações para comprovar o que todo mundo já sabe.

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Nessa lenga-lenga de quem vai ser preso primeiro, dois figurões do nosso esporte andam apavorados. O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da entidade foram indiciados em 2015, não explicaram nada para a Justiça americana e, por isso, este ano serão julgados à revelia.

Cientes de que os julgamentos vão acontecer em 2017, os advogados de Del Nero e Teixeira estiveram recentemente nos EUA atrás de detalhes das acusações, mas não conseguiram nada.

Dois corruptos continuam em prisão domiciliar: o empresário J. Hawilla não pode deixar Miami, mesmo depois dos 150 milhões de dólares que aceitou devolver, e outro ex-presidente da CBF, José Maria Marin, está em Nova Iorque esperando o seu julgamento.

Em 2015, Ricardo Teixeira deixou a sua mansão em Miami e veio correndo morar no Rio para não ser detido pela polícia americana. Del Nero resolveu continuar por aqui, sem viajar, sempre com medo de ser preso pelo FBI em qualquer aeroporto do mundo.

Já que no Brasil ninguém resolve nada, que os americanos façam justiça com Marin, Teixeira e Del Nero, três espertinhos que há muito tempo já deveriam estar pagando pelo que fizeram.

O dia em que o técnico da Seleção chorou no meu ombro.

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Para que os mais jovens entendam, Osvaldo Brandão foi um famoso técnico de futebol que não ganhou Mundial nem Libertadores, mas conseguiu a proeza de ser ídolo de corintianos e de palmeirenses. Em 1954, dirigindo o Corinthians, empatou com o Palmeiras na conquista do título paulista e, 20 anos depois, foi campeão paulista com o Palmeiras vencendo justamente o Corinthians.

Brandão ganhou 7 títulos estaduais, 7 nacionais (foi bicampeão brasileiro com o Palmeiras) e se consagrou no Corinthians com o título paulista de 1977, 23 anos depois dele mesmo ter sido campeão com o time corintiano.

Em longevidade, ele é o primeiro: comandou o Corinthians em 441 jogos, enquanto Telê Santana dirigiu o Atlético Mineiro 434 vezes.

Eu me orgulho de ter sido seu amigo nos anos 70, quando era repórter do Jornal da Tarde. O Brandão me confidenciava problemas pessoais e, em troca da minha discrição, concedia informações exclusivas e privilégios nas concentrações do Palmeiras e da Seleção.

Um dia, fragilizado pelo estado de saúde do filho Márcio, ele encostou a cabeça no meu ombro e chorou numa sala do hotel onde a Seleção estava hospedada em Bogotá. Depois, olhou pela janela e disse: “Barba (eu usava barba), aquele loirinho vai acabar comigo”.

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O loirinho era o Marcelo Rezende, repórter do Jornal dos Sports (na foto com o Brandão e com o José Eduardo Savóia, meu companheiro de jornal). O Marcelo, hoje famoso apresentador da tevê brasileira, foi realmente um dos mentores da queda do Brandão. Ele e outros repórteres cariocas fizeram a cabeça dos dirigentes da então CBD. Queriam Cláudio Coutinho como técnico e conseguiram.

Durou pouco tempo a paz palmeirense. Haja amendoim.

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Há uns quinze dias eu escrevi que a política interna do Palmeiras tinha sido pacificada ao ponto de o novo presidente Maurício Galiotte ter sido eleito sem candidato da oposição. Errei, peço desculpas.

Quem faz churrasco sabe da história do carvão que parece estar apagado e que, de repente, acende ao ser abanado por um pedaço de jornal. No seu último ato como presidente, Paulo Nobre impugnou a candidatura da patrocinadora Leila Pereira ao conselho do clube e isso bastou para o fogo aparecer na churrasqueira.

Não existia a propalada paz no Palmeiras. Com ciúmes do sucesso do Nobre, as oposições (são muitas) só estavam esperando que os seus líderes se posicionassem. Passada a conquista do título brasileiro e a posse do presidente pacificador, a crise apareceu e veio forte.

Paulo Nobre tinha esperança de ser presidente do conselho ou continuar à frente do departamento de futebol, por isso guardou o segredo de a Leila não ser sócia do clube desde 1996. Quando percebeu que estava sendo traído pelo Galiotte, o milionário resolveu colocar lenha na fogueira.

Fiquei sabendo que o Nobre queria ter indicado outro candidato, justamente por saber que o Galiotte se dá bem demais com o cardeal Mustafá Contursi e que ele é muito amigo da Leila Pereira.

No meio dessa briga de milionários existem dois riscos: a oposição tentar a mudança do estatuto, para que a Leila possa ser eleita presidente, e/ou o Nobre conseguir a anulação da última eleição se descobrir que o Galiotte foi eleito por conselheiros que – a exemplo da Leila – não podem ser conselheiros.

O discurso do Bom Velhinho

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Se eu fosse Papai Noel, na noite de Natal pegaria um microfone e ficaria gritando na frente da casa de cada político que foi preso por corrupção.

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Eu acordaria os vizinhos e falaria bem alto que esses maledettos roubaram a esperança de milhões de brasileiros.

Tentaria colocar na cabeça de todos que esse dinheiro maldito pode trazer vida fácil, mas não compra a honra e nem garante os olhos fechados no travesseiro.

No final, com a minha voz bem mais rouca, eu ensinaria o que aprendi em tantos anos com o Papai Noel: que a generosidade sempre será a maior companheira da felicidade.

Que todos tenham um lindo Natal.

O pequeno Uruguai nos dá exemplos e lições.

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Recentemente, passei alguns dias descansando em Montevidéu e confesso ter ficado com inveja do povo uruguaio, que não convive com bandidos nas ruas e tem qualidade vida muito melhor do que a nossa.

Esse pequeno país sem violência é o segundo menor território da América do Sul. Tem uma população de 3,5 milhões de habitantes, com quase 2 milhões vivendo em Montevidéu e municipios vizinhos. Se a desigualdade for considerada, é o primeiro em desenvolvimento humano na América Latina.

Os especialistas dizem que durante a crise mundial de 2009 o Uruguai foi o único país sul-americano que não passou por recessão econômica. Por isso – e pelas boas gestões dos últimos governantes – tem uma das maiores rendas per capita da América do Sul.

Tudo parece funcionar razoavelmente bem em Montevidéu, onde eu só vi um pouco de lixo nas ruas justamente no luxuoso bairro de Carrasco, onde fica o suntuoso hotel Sofitel (foto), construído em 1921 e restaurado em 2012.

sofitel

O Uruguai também é um dos pioneiros em medidas relacionadas aos direitos humanos. Na América do Sul, foi o primeiro a legalizar o divórcio, o segundo a permitir o voto das mulheres, o segundo a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o primeiro no mundo a legalizar a maconha.

O Rio da Plata, o mar deles, não tem a água com o tom esverdeado que a gente vê nas praias do Brasil, mas a revista Reader´s Digest classificou o Uruguai como o nono país mais habitável e verde do mundo.

Vivendo, viajando e aprendendo aqui perto.

Técnico que nunca jogou futebol já conquistou título mundial?

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Claro que é bobagem ficar discutindo se o craque sempre acaba se transformando num bom técnico de futebol. Se fosse assim, Pelé ganharia todos os títulos como treinador.

Tanto isso é verdade que o Falcão nunca se deu bem como técnico e o goleiro Leão acabou sendo esquecido nessa função, enquanto jogadores comuns (alguns até peladeiros) como Luxemburgo, Felipão, Dunga, Cuca e Tite se destacaram muito mais.

Alguns craques se deram bem na nova carreira, caso de Muricy, Zico e Zagallo. O mais novo campeão do Mundial da FIFA é um exemplo disso. Aos poucos, o francês Zidane vai deixando para trás técnicos como Ancelotti do Bayern, Luis Enrique do Barcelona e Pep Guardiola do Manchester City, três grandes ex-jogadores que não foram craques excepcionais como ele.

Meu pai sempre dizia que o Telê Santana tinha sido um ponta-direita fantástico e que ele não foi titular na Copa de 50 porque o Brasil tinha Friaça. Como técnico, o Telê bom de bola acabou ficando no meio termo: perdeu duas Copas do Mundo com a Seleção e ganhou dois títulos mundiais com o São Paulo.

Por uma grande ironia – e para desmentir qualquer regra – Carlos Alberto Parreira, Paulo Autuori e Oswaldo de Oliveira nunca jogaram futebol e foram campeões do mundo.

Vai entender.