Confesso que senti vergonha

Meu neto Benjamin mora com os pais em Amsterdã. Tem 13 anos e é volante titular no Sub-14 da cidade. Nesta quinta-feira, depois da escola pela manhã e de treinar futebol à tarde, ele se preparou para ver o jogo do Brasil, que lá começou às 22 horas.
No intervalo, meu filho mandou uma mensagem dizendo que o Benjamin tinha comentado de não ter tido a sorte de ver uma boa seleção brasileira. E é verdade. Desde quando começou a se interessar, entre as Copas de 2018 e 2022, ele sempre se decepcionou.
Eu passei o segundo tempo inteiro torcendo para que o neto não perguntasse nada. Eu não saberia explicar o motivo de um futebol tão ruim e que só agradou ao Luis Roberto, narrador da TV Globo.
Tomara ele tenha desistido quando o Vinícius Jr. perdeu o pênalti. Isso é normal, até o Pelé perdeu. O problema foi a displicência com que o “melhor do mundo” correu para a bola. O Vini criou algumas boas jogadas, mas ele fala demais, é uma mistura de Gabigol com Hulk.
Quando o neto me perguntar o que eu achei da seleção eu não posso mentir. Tudo bem que a Venezuela não é mais tão ruim como há 30 ou 40 anos, hoje o time do Maduro tem Savarino, Martinez e o Soteldo, que não jogou. Mas continua sendo um futebol bem inferior, mesmo que a gente não tenha laterais, volante e quem crie alguma boa jogada.
Pra piorar – vou dizer ao neto – Dorival Jr. escala mal e substitui pior ainda. Não dá pra entender como o Brasil possa ter terminado o jogo com o cansado Gérson de volante, com dois pontas na esquerda (Vini e Martinelli), dois pontas na direita (Luiz Henrique e Estêvão) e Paquetá de centroavante. O único que estava bem, Raphinha, ficou perdido nessa confusão toda.
Ainda bem que o neto torce pelo Palmeiras e está acostumado a ganhar títulos. O que ele não deve entender é a ausência constante de palmeirenses na seleção, mesmo que eles façam parte de um time tão vencedor.