Experiência inesquecível
Lembro bem do dia em que entrei pela primeira vez na redação da revista Bondinho, localizada no primeiro andar de um prédio paulistano decadente na esquina das ruas Avanhandava e 9 de Julho.
Senti, pela primeira vez, o gostinho de ser jornalista.
O Bondinho foi fundado nos anos da ditadura militar por jornalistas que tinham acabado de deixar a revista Realidade. Era uma publicação gratuita, distribuída em todos os supermercados Pão de Açúcar.
Naquele dia, na metade de 1971, conheci jornalistas famosos, entre eles, Sérgio de Souza e Woyle Guimarães. Nem sonhava que depois iria trabalhar com Fausto Silva no jornal, no rádio e na tevê. Muito menos, imaginava que seria chefe na equipe de Osmar Santos.
Por causa de uma aula de fotografia no curso de Comunicações da FAAP, acabei conseguindo o estágio no Bondinho.
Durante três meses fui orientado pela diretora de fotografia, a badalada Cláudia Andujar. Com minha Pentax, acompanhei repórteres e tive fotos publicadas, uma delas, no Teatro Ruth Escobar. Dias depois, a peça foi censurada.

Lembro de tudo o que foi discutido naquela reunião e o que se transformou na reportagem de capa (foto). A sugestão foi do publicitário Carlito Maia, criador da Jovem Guarda e de slogans famosos para o Lula. A ideia: o cantor Roberto Carlos, já muito famoso, deveria fotografar, ele mesmo, diante de um espelho, algumas cartas de amor que recebia.
Traído por Roberto Carlos e pelo PT, Carlito começou a beber. Bebeu muito até se tornar relações públicas da TV Globo, onde acabou se tornando um grande amigo meu. Osmar Santos e eu aprendemos muito com ele, principalmente como defender a liberdade e a democracia.
Tudo isso – pasmem – aconteceu há mais de 50 anos.