As obras-primas do Rei que não foram preservadas

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Eu tive o privilégio de ver Pelé no auge da sua carreira e garanto que Maradona, Messi, os Ronaldos, CR7, Romário, Zico, Neymar e tantos outros craques não têm ou não tiveram metade do repertório de dribles, chutes e jogadas do Rei.

Pena não existir o registro de muitos gols do nosso maior artista da bola.

Dos quase 1.300 gols do Rei é possível rever no máximo uns 250 – e muitos sem tanta qualidade. O pior é que gols importantes nem foram registrados, caso do “Gol de Placa”, contra o Fluminense, em 1961, no Maracanã.

Absurdo também não ter sido gravado o gol que o próprio Pelé considerou o mais bonito da carreira, contra o Juventus, na Javari, em 1959. Existe uma foto de A Gazeta Esportiva feita depois dos três “chapéus” seguidos do Rei.

Para coroar todo esse desleixo, houve uma época em que muitos gols foram apagados na extinta TV Tupi. A emissora não tinha dinheiro para comprar fitas novas e o diretor artístico autorizou que uma novela fosse gravada em cima dos lances narrados por Walter Abrahão. Não vou citar o nome do diretor porque ele já morreu e não poderá se defender.

Outro exemplo desse descaso aconteceu numa tarde chuvosa em novembro de 1964. Nenhum cinegrafista esteve presente na Vila para registrar os oito gols de Pelé na vitória do Santos sobre o Botafogo de Ribeirão Preto por 11 a 0. Só temos imagens feitas pelo fotógrafo Antônio Lúcio, de O Estado de São Paulo.

A minha primeira matéria de página inteira publicada no jornal Folha de S. Paulo, em 1972, foi justamente sobre Pelé. Como ilustração, o editor Aroldo Chiorino colocou a silhueta famosa (a foto desta coluna), de autoria do fotógrafo Domício Pinheiro, que acompanhou toda a carreira do Rei e depois perdeu grande parte do acervo em um incêndio no seu apartamento.

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