A obsessão de se eternizar no poder
Em um almoço nos anos 80, na Cantina Roma, aqui em São Paulo, eu presenciei a pressão que o Ulysses Guimarães fez para o Lula apoiar o Colégio Eleitoral. O líder do PT disse não, para desespero dos que estavam na mesa, especialmente Osmar Santos, a Voz das Diretas.
Lula achava que os militares só queriam desgastar o movimento e ele estava certo. Para disputar a eleição indireta, o escolhido como vice foi o José Sarney, que acabou assumindo a presidência com a morte do Tancredo Neves. Deu no que deu.
Em 1989, ainda cheio de ideologias, Lula concorreu com o Collor e foi derrotado depois que a Globo, sempre a Globo, fez a edição tendenciosa no último debate. Nos anos seguintes perdeu duas eleições seguidas para o Fernando Henrique e, a partir daí, alianças e mais alianças, até ser eleito em 2002.
O Lula que eu conheci em 1984 já não existia mais. Amargurado depois de tantas derrotas, virou um bandido. Barganhou até com o Paulo Maluf.
Tudo pelo poder.
Pensando em 2022, Bolsonaro anda passando por cima de tudo e de todos, como se fosse um trator. Se ele perceber que não será reeleito, poderá até tentar um golpe militar, mas nunca conseguirá se eternizar no poder por um motivo bem simples: não tem inteligência para isso.
