Pinguim na Amazônia? Esse pessoal é muito chato
Na época da faculdade um dos meus professores, Alexandre Gambirasio, pediu para que a gente checasse alguma notícia e entregasse a redação na aula seguinte.
Naqueles dias de AI-5, início dos anos 70, li num jornal que o técnico da nossa Seleção, o comunista João Saldanha, teria dito ao presidente Médici: “Nem eu escalo o ministério, nem o senhor escala o meu time”.
Descobri o telefone do hotel onde o treinador estava hospedado em Porto Alegre e perguntei: “O senhor falou mesmo isso para o presidente ?” Ele: “Falei sim, filho. Esse Médici é um enxerido. Quer o Dario como centroavante. Eu ponho quem eu quiser”.
Entreguei a redação e o professor Gambirasio, na época secretário da Folha de S. Paulo, fez elogios e me convidou para estagiar no jornal dele. Lembro que ele me disse: “Parabéns, garoto. Você teve a coragem de perguntar”.
Agora, 50 anos depois, eu me pergunto: por que a nossa imprensa não manda seus repórteres para a Amazônia? Basta perguntar para os moradores locais se as queimadas sempre acontecem nesta época do ano.
Basta perguntar aos especialistas se as queimadas são menores do que no governo petista.
Basta perguntar se as florestas estão ardendo mais na Bolívia do que no Brasil.
A imprensa brasileira esqueceu que Jornalismo se faz com perguntas.
