Toca o barco, ou melhor, toca a vida.
Durante os últimos anos em que trabalhei com o Faustão, na época em que o seu programa era apresentado do Rio de Janeiro, eu voei de helicóptero junto com o apresentador umas trinta vezes.
Sempre viagens curtas, de oito a dez minutos, o tempo suficiente para que eu passasse a odiar esse tipo de aeronave que já matou, entre tantos, o comandante Rolim Amaro, o deputado Ulysses Guimarães, o jogador Fernandão e agora o jornalista Ricardo Boechat.

Em todos os domingos, nossas mini-viagens aconteciam entre o Projac e o aeroporto Santos Dumont, de onde decolava o jatinho que a Globo alugava para o Faustão retornar a São Paulo. Eu sempre aproveitava a carona.
O problema é que os sustos se tornaram cada vez mais frequentes, como quando quase tivemos de descer na praia do Pepê por causa dos ventos fortes. Em outro domingo, uma porta da geringonça se abriu e eu tive de mantê-la fechada durante todo o vôo. Haja braço.
Lembro de quando disse ao Faustão que preferia voltar no dia seguinte usando o avião da Ponte Aérea. Também preocupado, ele decidiu que, a partir daquele dia, nós iríamos de carro até o aeroporto, mesmo correndo o risco de perder o pouso em Congonhas.
Por mais que os especialistas digam que voar de helicóptero é seguro, eu acho que esse é o caminho mais curto para a morte. Nos últimos 10 anos, sofreram acidentes outros 22 aparelhos iguais a esse que matou o Boechat e o piloto Quattrucci. É muito acidente.