Uma história para homenagear o meu pai
Neste domingo, 10 de dezembro, meu pai completaria 100 anos. Ele morreu em 2014, com 96 anos bem vividos.

Palmeirense desde a infância, o pequeno Arnaldo jogava pingue-pongue no bairro da Bela Vista com o Ministrinho, jogador do Palestra Itália que comia macarronada na casa dos Scatamachia antes de subir no bonde que o levava ao Pacaembu.
A segunda paixão do meu pai foi Oberdan Cattani, titular do Palestra e do Palmeiras durante 10 anos. O goleiro de mãos enormes esteve na Copa Rio de 51, conquista reivindicada pela diretoria palmeirense como título mundial.
Como fazia tempo que o Scatamachia de 86 anos não ia a um estádio de futebol, em 2004 eu o convidei para assistir Palmeiras e Santo André, pelas quartas-de-final da Copa do Brasil. O primeiro jogo terminou 3 a 3 e o time palmeirense precisava de uma vitória simples. Se fizesse 4 a 0 poderia até perder de 4 a 3.
Quando o avô e os netos Jean e Julian escolhiam seus lugares, Oberdan Cattani sentou ao nosso lado. A emoção do meu pai foi grande por estar perto do seu ídolo, um dos maiores goleiros do Palmeiras em todos os tempos.
Tudo ia bem até o Marcos começar a falhar. Enxergando pouco à noite, nosso goleiro sofreu quatro gols de cabeça e o Palmeiras foi eliminado no empate de 4 a 4. Meu pai e Oberdan se olharam e saíram mudos do Parque Antártica.
Arnaldo Scatamachia se foi antes de a última Copa começar. Naqueles dias, com a mesma idade, morreu Oberdan Cattani.