Um, dois, três. Maluf no xadrez
No começo dos anos 80 eu fui convidado para dar aula de Rádio na FIAM. O diretor da faculdade, Roney Signorini, me convidou por causa do sucesso do programa Balancê, que era apresentado por Osmar Santos, a Voz das Diretas.
Tive uma ideia que o professor Roney adorou: eu levaria o Balancê para o auditório da FIAM e, em seguida, os alunos seriam divididos em grupos para estágios na Rádio Excelsior.
Os grupos teriam a mesma divisão que o Balancê já tinha, ou seja, Esportes, Política, Variedades e Jornalismo. Depois de três meses, o programa voltaria para a faculdade com os alunos sendo os responsáveis. Isso serviria para a avaliação do semestre.
O Balancê lotou o auditório da FIAM. Na coxia, o professor Roney me abraçava a cada momento em que a plateia aplaudia. “Que maravilha, que sucesso” – ele dizia.
Tudo ia bem até o humorista Escova imitar Paulo Maluf. O Osmar não perdeu a piada e puxou o coro famoso nos seus comícios pelas Diretas: “Um, dois, três… Maluf no xadrez”.

Roney ficou roxo de raiva e abandonou a coxia. É que a faculdade era do Edvaldo Alves da Silva, advogado do Maluf.
Resumindo: minha carreira de professor durou um mês. Quando voltei na FIAM para dar baixa na carteira profissional cruzei com o Roney no corredor e – graças a Deus – ele fez que não me viu.