Meu pai quase enfartou num Palmeiras e Santos.
Clássico entre Santos e Palmeiras sempre deu bom jogo, como o deste domingo na Vila. Mas boa mesmo foi a partida entre os dois times em 1958, pelo Torneio Rio-São Paulo, três meses antes da Copa da Suécia.
Sem transmissão pela tevê, 43 mil pessoas estiveram no Pacaembu e milhares de torcedores acompanharam pelo rádio os inacreditáveis 7 a 6 para os santistas.
Eu tinha 11 anos e lembro vagamente desse jogo. Conferi no Google que o Santos jogou com um ataque formado por Dorval, Jair da Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe. Li que o Pelé ainda não tinha o título de Rei e que o Palmeiras contava com jogadores famosos, como Carabina, Fiume e Mazola. Lula era o técnico do Santos e Brandão do Palmeiras.
O que eu lembro bem é de ver o meu pai Arnaldo esmurrando o rádio na sala de casa. Palmeirense bem palestrino, ele ficou muito nervoso quando o Santos desandou a marcar gols. Depois, no intervalo, parecia estar meio anestesiado com os 5 a 2 para os santistas.
O Palmeiras voltou jogando bem, virou o jogo para 6 a 5 e o meu pai quase teve um infarto. No finzinho, por pouco ele não enfartou de novo quando o ponta-esquerda Pepe marcou dois gols em cinco minutos. Preocupada, minha mãe desligou o rádio e foi buscar um copo de água com açúcar.
Segundo os jornais da época, naquela noite cinco torcedores morreram de emoção, um no Pacaembu e outros quatro pela cidade.
