Eu fui às touradas em Madri, para tim bum, bum, bum.
Em meio a toda essa polêmica preconceituosa e burra envolvendo os blocos de rua que não cantam marchinhas dos carnavais passados, alegando letras politicamente incorretas, eu lembrei do saudoso e genial Carlos Alberto Ferreira Braga, autor de sucessos como Pirata da Perna de Pau e Chiquita Bacana.

Nos anos 80, Braguinha veio a São Paulo para ser homenageado por ser um dos autores da música Balancê, o nome que eu tinha dado ao programa da Rádio Excelsior, que era muito badalado na época.
Osmar Santos, a bola da vez na narração esportiva, fez uma linda entrevista e, antes que o compositor voltasse para o Rio, ele e eu fomos almoçar numa cantina no bairro do Bexiga.
O Braguinha de 400 composições, parceiro de Noel Rosa em As Pastorinhas e de Pixinguinha em Carinhoso, contou que em 1937 a música Balancê foi um tremendo fracasso comercial com Carmem Miranda. No dia do almoço, 43 anos depois, a regravação com a Gal Costa tinha se tornado um sucesso estrondoso.
Uma de suas marchinhas famosas rendeu a história mais engraçada do almoço. Ele contou que na Copa de 50, no dia em que o Brasil goleou a Espanha por 6 a 1, mais de 170 mil pessoas cantaram no Maracanã a sua música Touradas em Madri.
Braguinha se emocionou com o tamanho do coral e começou a chorar. Alguns torcedores pensaram que o chorão era um espanhol triste com a derrota da Espanha e, para não apanhar, o compositor enxugou as lágrimas e começou a cantar bem alto “Eu fui às touradas em Madri, para tim bum, bum, bum”.