Você conheceu um gênio? Eu conheci três.
Conversei duas vezes com o Ayrton Senna gênio da velocidade. Fiz dezenas de entrevistas com o Pelé gênio da bola. E convivi quatro anos com o Carlito Maia gênio das ideias.
Conheci o Carlito nos anos 70, durante o jejum de 23 anos do Corinthians sem o título paulista. Na época eu era sócio de uma editora que publicava um jornal dirigido à torcida corintiana e inventei um campeonato em que só times chamados Corinthians podiam participar. Levei a ideia ao Carlito, espécie de relações públicas da TV Globo, e o gênio demorou meio minuto para criar o slogan “O Corinthians vai ser campeão… A Globo garante”.
Naquele tempo não existia internet, por isso eu fui atrás de muita gente para entender o tamanho do Carlito Maia. Eu sabia que nos anos 60 ele tinha criado a Jovem Guarda e o ídolo Roberto Carlos, com as expressões famosas como “Calhambeque” e “É uma brasa, mora”. Mas acabei descobrindo que o gênio sonhava mesmo é com o momento em que o cantor o ajudaria a derrubar a ditadura que tinha torturado a sua irmã.
Quando ficou famoso, Roberto Carlos se negou a passar mensagens e o Carlito, triste, começou a beber. Mesmo assim, continuou lutando e, com a minha ajuda, se aproximou do narrador Osmar Santos, que – para alegria do gênio – se transformou na Voz das Diretas.
Em 1980, com vigor invejável, Carlito ainda participou da fundação do PT. Na época ele criou os slogans “Lula Lá”, “oPTei” e disse uma de suas frases mais lembradas: “Quando a esquerda começa a contar dinheiro, logo converte-se em direita”.
Quando morreu, em 2002, o Carlito já estava bem distante do seu PT. Ao antever o fracasso do partido, o mineiro de Lavras mostrou, mais uma vez, toda a sua genialidade.
