O dia em que o técnico da Seleção chorou no meu ombro.
Para que os mais jovens entendam, Osvaldo Brandão foi um famoso técnico de futebol que não ganhou Mundial nem Libertadores, mas conseguiu a proeza de ser ídolo de corintianos e de palmeirenses. Em 1954, dirigindo o Corinthians, empatou com o Palmeiras na conquista do título paulista e, 20 anos depois, foi campeão paulista com o Palmeiras vencendo justamente o Corinthians.
Brandão ganhou 7 títulos estaduais, 7 nacionais (foi bicampeão brasileiro com o Palmeiras) e se consagrou no Corinthians com o título paulista de 1977, 23 anos depois dele mesmo ter sido campeão com o time corintiano.
Em longevidade, ele é o primeiro: comandou o Corinthians em 441 jogos, enquanto Telê Santana dirigiu o Atlético Mineiro 434 vezes.
Eu me orgulho de ter sido seu amigo nos anos 70, quando era repórter do Jornal da Tarde. O Brandão me confidenciava problemas pessoais e, em troca da minha discrição, concedia informações exclusivas e privilégios nas concentrações do Palmeiras e da Seleção.
Um dia, fragilizado pelo estado de saúde do filho Márcio, ele encostou a cabeça no meu ombro e chorou numa sala do hotel onde a Seleção estava hospedada em Bogotá. Depois, olhou pela janela e disse: “Barba (eu usava barba), aquele loirinho vai acabar comigo”.

O loirinho era o Marcelo Rezende, repórter do Jornal dos Sports (na foto com o Brandão e com o José Eduardo Savóia, meu companheiro de jornal). O Marcelo, hoje famoso apresentador da tevê brasileira, foi realmente um dos mentores da queda do Brandão. Ele e outros repórteres cariocas fizeram a cabeça dos dirigentes da então CBD. Queriam Cláudio Coutinho como técnico e conseguiram.