Estamos vivendo um tempo de deboches e de emoções.
Enquanto os ministros do Supremo transformam a nossa maior Corte numa verdadeira Casa da Maria Joana, o time da Chapecoense continua sensibilizando o Brasil e o mundo. Ou seja, a gente se revolta quando um juiz debocha das instituições e, em seguida, se emociona quando fica sabendo de mais uma homenagem aos mortos da tragédia com o avião da LaMia.
Foi assim no dia em que Atlético Nacional e Chapecoense disputariam o primeiro jogo. O povo de Medellin fez uma homenagem sem precedentes, enquanto os catarinenses choravam na Arena Condá. Ao mesmo tempo, dezenas de mensagens de solidariedade começaram a aparecer em jogos das maiores equipes do futebol mundial.
No domingo passado, em São Paulo, corintianos, palmeirenses, santistas e sãopaulinos se encontraram na Praça Charles Miller, em frente ao Pacaembu, numa manifestação inédita. Basta lembrar que a Polícia Militar não permite que sejam realizados dois jogos no mesmo horário, para que os torcedores não se matem nas estações do metrô.
Ainda no fim de semana, na Arena Condá, enquanto o nosso presidente morria de medo de ser vaiado no velório (os catarinenses estavam pouco se lixando com a sua presença), o técnico Reinaldo Ruenda, do Atlético Nacional, rezou pelos mortos e disse que o seu time quer conquistar o título mundial para oferecê-lo à Chapecoense.
Na quarta-feira, enquanto o Barcelona confirmava o convite para o time catarinense jogar na Espanha, a emoção tomou conta de dois lugares: da Arena do Grêmio, em Porto Alegre, onde o minuto de silêncio antes da decisão da Copa do Brasil nunca será esquecido, e do Couto Pereira, onde os torcedores inimigos do Coritiba e do Atlético Paranaense lotaram o estádio no dia em que a Chapecoense jogaria a segunda partida pelo título sulamericano.
Preparem-se, as homenagens serão muitas nos últimos jogos do Brasileiro. Se é que o nosso Supremo não suspenderá a rodada alegando que a tragédia com avião da LaMia foi lembrada mais do que a morte do Fidel Castro, amigo pessoal do ex-presidente Lula.