No lugar certo com a pessoa certa. E deu tudo errado.
Lembro como se fosse hoje. Em dezembro de 1993 eu estava parado na Avenida Brasil, aqui em São Paulo, no momento em que o Ayrton Senna chegou para uma entrevista na produtora do narrador e apresentador Osmar Santos.
O tricampeão mundial de F-1 parou o seu Honda preto e me perguntou se era ali a produtora. Eu abri o portão e ele estacionou o seu carro esportivo no fundo do corredor. Educado, Senna voltou a pé até o portão e me agradeceu com um forte aperto de mão.
Durante a entrevista, Osmar perguntou se o Rei da Chuva estava torcendo para chover no GP Brasil, que seria realizado em janeiro. Nosso maior campeão disse: ”Não, tenho muito medo da chuva”.
Essa frase me chamou a atenção porque eu era assessor de imprensa da Dersa, que cuidava das rodovias paulistas, e sabia que a empresa queria fazer uma campanha para diminuir os acidentes nas estradas molhadas. Sugeri para alguns diretores a mensagem do Senna declarando ter medo da chuva e eles me disseram para não medir esforços – e nem dinheiro – se o piloto aceitasse.
Consegui falar por telefone com o Senna no início de janeiro. Ele me interrompeu no começo da conversa: “Gravo sim. Tenho essa responsabilidade porque sei que os jovens estão se achando Sennas em dias de chuva. E não vou cobrar nada”. A diretoria da Dersa enlouqueceu com a notícia e começou a programar a campanha.
Em função dos treinos para o GP Brasil e da viagem marcada para um dia depois da corrida, o único pedido do campeão foi gravar a mensagem quando voltasse da temporada europeia.
Senna viajou para a Europa e morreu em Ímola.