A incompetência da Imprensa num país onde as leis não pegam.

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É impressionante o que aconteceu com os nossos comentaristas políticos no episódio do impeachment. Um batalhão de especialistas ficou horas e horas na TV tentando explicar o que estava acontecendo e nenhum deles desconfiou que o destaque foi discutido alguns dias antes.

Esse episódio foi parecido ao do confisco em que a ministra Zélia Cardoso de Mello bloqueou todo o nosso dinheiro. Lembro bem do chilique que a comentarista econômica Lillian Witte Fibe teve no JN ao ser surpreendida pelo anúncio do Plano Collor.

Os episódios têm características parecidas porque os dois envolveram figurões da política brasileira e, nos dois, os especialistas comeram bola. Em 1990, a medida surgiu de um consenso entre o presidente Fernando Collor, o Ulysses Guimarães e o Lula. Desta vez, Renan Calheiros, Ricardo Lewandowski – e não se sabe mais quem – esboçaram o destaque dias antes.

Além de os especialistas nunca desconfiarem de nada, o que também me assusta é como a imprensa brasileira compactua com as leis que não pegam. Entre tantos exemplos, não pegaram as leis dos estojos de primeiros socorros, do insulfilme e do extintor de incêndio. Agora, a Justiça suspendeu a obrigatoriedade de acender os faróis do carro durante o dia e, para os jornalistas, isso parece muito normal.

Enfim, aqui no Brasil é assim: quando o povo não quer a lei não pega e a nossa imprensa ignora tudo. Mas dá pra entender. Nós vivemos num país onde nem a Constituição pegou.

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