Neymar e Galvão continuam de mal. E vão ter de se aturar.
Quando Neymar estava se preparando para o pênalti da medalha de ouro, meu filho Jean comentou: “Belo roteiro”. É verdade. Nem o melhor roteirista do mundo criaria uma história tão perfeita.
Tudo começou quando o nosso único craque foi chamado para ajudar o Brasil no torneio olímpico. Por isso ele não jogou a Copa América e a seleção do Dunga desmoronou nos Estados Unidos.
Quando ele se irritou com a imprensa e se recusou a dar entrevista depois do segundo jogo, Galvão Bueno soltou o verbo e a crise tomou proporções perigosas. O protagonista se recuperou nos jogos seguintes e o narrador da Globo voltou a ser o Galvão de sempre com aquele seu eterno defeito de puxar o saco dos craques. Nem assim o Neymar fez as pazes com ele.
Contra os alemães, quis o roteiro – ou o destino – que o centro das atenções marcasse os dois gols. Depois do primeiro, de falta, ele saiu gritando “Eu estou aqui…”, referindo-se ao fato de não ter participado do Mineiraço. Nisso eu acho que ele tem toda razão. Naquele dia, com ele em campo, o Brasil nunca perderia por 7 a 1.
No último sábado, no fim do jogo, entrevistado por um repórter da Globo, Neymar imitou o Zagalo ao dizer “Vocês vão ter que me engolir… vão ter que me aturar”, numa insinuação direta ao Galvão.
Resumindo, são dois briguentos. Cada um do seu jeito. O Galvão é mais dissimulado, tanto que não citou o nome do jogador no encerramento da Olimpíada. O Neymar é um craque meio barraqueiro que às vezes esquece a sua condição de ídolo das crianças.
Agora, o roteiro prevê os dois se aturando nas Eliminatórias. Se brigarem de novo e o Brasil se classificar para a Copa, ótimo.